O 60.º dia de guerra é também aquele em que se assinalam dois meses desde que começou a invasão da Ucrânia, levada a cabo pela Rússia.
Nesse espaço de tempo, ainda não se conseguiu fechar um acordo que possa encaminhar o conflito para uma solução pacífica. Este domingo, a Ucrânia propôs à Rússia negociações junto ao vasto complexo metalúrgico Azovstal em Mariupol, no sudeste do país.
Cerca de 23.000 refugiados ucranianos fugiram nas últimas 24 horas do país, invadido há dois meses por tropas russas, aproximando-se dos 5,2 milhões o total de deslocados, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.
As críticas de Zelensky, este sábado, a António Guterres tiveram uma resposta de Marcelo Rebelo de Sousa.
A Renascença resume os principais momentos.
Kiev propõe à Rússia negociações junto ao complexo metalúrgico Azovstal
A Ucrânia propôs à Rússia negociações junto ao vasto complexo metalúrgico Azovstal em Mariupol, no sudeste do país, onde combatentes e civis ucranianos ainda estão entrincheirados numa cidade largamente controlada pela Rússia, anunciou a presidência ucraniana, este domingo.
"Convidámos os russos a realizar uma sessão especial de conversações mesmo ao lado de Azovstal", informou o conselheiro de Volodymyr Zelensky, Oleksiy Arestovich, numa conferência de imprensa, dizendo estar "à espera da resposta" da delegação russa.
No início do dia, outro conselheiro da presidência ucraniana, Mykhaïlo Podoliak, recordou na rede social Twitter que Kiev exige "uma trégua" em Mariupol para a Páscoa Ortodoxa celebrada no domingo, "um corredor humanitário imediato para civis" bloqueados na cidade portuária e "um acordo para negociações especiais de troca de prisioneiros militares".
A enorme fábrica Azovstal é simbólica porque representa a luta entre os exércitos ucraniano e russo em Mariupol, bombardeada pelas forças de Moscovo desde o início de março e atualmente quase completamente destruída.
ONU apela a uma trégua imediata em Mariupol para retirar civis
A ONU apelou a uma trégua imediata em Mariupol, para permitir a retirada dos cerca de 100 mil civis ainda encurralados nesta cidade portuária ucraniana, quase totalmente controlada pelo exército russo.
"É preciso fazer uma pausa imediata nos combates para salvar vidas. Quanto mais esperarmos, mais vidas estarão em risco. Eles devem ser autorizados a sair agora, hoje. Amanhã será tarde demais", afirmou o coordenador da Organização das Nações Unidas (ONU) na Ucrânia, Amin Awad, num comunicado.
Kiev indicou que as forças russas continuam a bombardear esta cidade no Mar de Azov e, em particular, a siderúrgica Azovstal, a última bolsa de resistência dos combatentes ucranianos naquela zona.
Número de refugiados aproxima-se dos 5,2 milhões
Cerca de 23.000 refugiados ucranianos fugiram nas últimas 24 horas do país, invadido há dois meses por tropas russas, aproximando-se dos 5,2 milhões o total de deslocados, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.
De acordo com números parcialmente atualizados pelo ACNUR, 5.186.744 ucranianos deixaram seu país desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro, mais 23.058 do que o total avançado no sábado.
"Hoje, pensamos em todos os que celebram a Páscoa ortodoxa. Para os que estão na Ucrânia e para os que foram forçados a fugir do país, este será mais um dia de medo, angústia, perda e separação de entes queridos, pois a guerra continua, sem tréguas. Que a força e a coragem estejam com eles", twitou o Alto Comissário da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Refugiados, Filippo Grandi.
Desde o início de abril, pouco mais de 1.151.000 ucranianos fugiram do país, muito menos do que os 3,4 milhões que optaram por sair durante o mês de março.
Marcelo defende Guterres: "Era sempre preso por ter cão" e preso por não ter"
O Presidente da República defendeu este domingo o secretário-geral das Nações Unidas relativamente a críticas à sua deslocação a Moscovo e a Kiev, argumentando que Guterres seria "sempre preso por ter cão" e "por não ter".
"Como em tudo na vida, há dois pontos de vista. Um ponto de vista é dizer" que António Guterres "devia ir primeiro à Ucrânia, para ver o que se passa, e só depois ir a Moscovo", mas, aí, "a última palavra pertencia a Moscovo", disse Marcelo Rebelo de Sousa.
Segundo o outro ponto de vista, acrescentou o Presidente da República, o secretário-geral das Nações Unidas poderia "começar por Moscovo e ouvir as razões, ou não razões" da Rússia, ou seja, "o ponto de vista russo e depois olhar para aquilo que se passou e a última palavra ser ucraniana".