O vice-presidente brasileiro em exercício, Hamilton Mourão, acusou o Presidente brasileiro eleito, Lula da Silva, de já estar a negociar "com o Congresso um rombo" no orçamento para 2023.
O futuro Governo de Lula da Silva está a negociar "com o Congresso um rombo" de 200 mil milhões de reais (40 mil milhões de euros) "no orçamento de 2023, ou seja, zero compromisso com o equilíbrio fiscal", escreveu Hamilton Mourão, no Twitter, no dia em que se iniciou oficialmente o processo de transição.
"O resultado será aumento da dívida, inflação e desvalorização do Real. Onde estão os críticos?", insistiu.
A presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) já reagiu a estas declarações, apelidando-as de desonestas.
"Declaração de Mourão é no mínimo desonesta, nem bem acabamos de iniciar a transição e estamos negociando a pauta que interessa ao povo trabalhador. Onde ele estava durante a farra do orçamento secreto e o uso perdulário e ilegal da máquina pública nas eleições?", escreveu Gleisi Hoffmann.
Estas declarações acusatórias do vice-presidente brasileiro em exercício surgem no mesmo dia em que começou o processo de transição.
Nesta reunião ficou acertada uma proposta de emenda à Constituição que autoriza as despesas acima do teto de gastos, já no orçamento negociado pelo Governo de Jair Bolsonaro, e assim continuar com o apoio mensal de cerca de 125 euros à população mais carenciada e outros apoios aprovados pelo Governo em exercício.
Do lado de Lula da Silva, o vice-presidente eleito do Brasil, Geraldo Alckmin, a presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, e do ex-ministro da Educação, Aloizio Mercadante, estiveram reunidos com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, escolhido por Jair Bolsonaro como coordenador do processo de transição, e com o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos.
Geraldo Alckmin, em conferência de imprensa, afirmou que "a conversa foi bastante proveitosa, muito objetiva".
Geraldo Alckmin acrescentou ainda que o ministro da Secretaria Geral da Presidência "cumprimentou, deu os parabéns e desejou um ótimo trabalho e colocou-se à disposição nesse período de transição".
Dá-se assim o início da transição após o impasse causado por Jair Bolsonaro, que, apesar de não ter felicitado Lula da Silva pela vitória e de ter criticado a justiça eleitoral, disse que iria respeitar a Constituição.
Na quarta-feira, o Presidente brasileiro procurou acalmar os ânimos e apelou aos manifestantes que o apoiam para pararem de bloquear estradas pelo país, uma ação que se iniciou na madrugada de segunda-feira por considerarem que os resultados das eleições presidenciais tinham sido fraudulentos.
Estas declarações parecem ter dado frutos já que na segunda-feira, o número de estradas obstruídas era superior a 300 em 24 estados - devido à inação inicial da Polícia Rodoviária, que tem como diretor um 'bolsonarista' assumido - e agora estão agora presentes em apenas sete estados do país em pouco mais de 70 estradas.