A Província Eclesiástica de Évora, que compreende as dioceses de Évora, Beja e Algarve, acaba de apresentar a Carta Pastoral “Vem e Segue-me”, um documento onde os bispos das dioceses do sul de Portugal revelam a sua preocupação relativamente à falta de vocações.
“Os bispos das três dioceses manifestam preocupação face à urgente necessidade de vocações ao matrimónio, aos serviços ministeriais e ao ministério ordenado do diaconado permanente e do presbiterado nesta Província Eclesiástica”, refere uma nota, da arquidiocese de Évora, enviada à Renascença.
A Carta Pastoral “Vem e Segue-me” surge, desta feita, como um incentivo às comunidades eclesiais das três dioceses, à redescoberta da beleza da vocação e um convite à formação de “cultura vocacional”.
“As diversas vocações cristãs, bem vividas, exprimem valores que correspondem a expectativas e aspirações profundas do ser humano, como podem ser a procura de sentido da vida e sua dimensão espiritual, o compromisso ético e a responsabilidade para com a história, o desejo de reconciliação e de novas perspetivas existenciais”, lê-se na carta agora lançada.
“As vocações tornam-se assim apelos e referências para os que andam à procura, nomeadamente jovens”, realça o documento.
Esta é uma iniciativa no âmbito do biénio vocacional das Igrejas do Sul que arrancou a dia 8 de dezembro de 2021, com a finalidade de “revitalizar a pastoral vocacional das três dioceses por meio da comunhão e da redescoberta da beleza da vocação”, auxiliando, sobretudo, os jovens, “a encontrar e a assumir a sua própria vocação dentro da pluralidade das vocações na Igreja”.
Projeto “ambicioso, mas realista”, diz arcebispo de Évora
Em declarações ao jornal da arquidiocese “a defesa”, D. Francisco Senra Coelho explicou que o biénio vocacional “é um serviço à sociedade” e não “uma busca que a Igreja anda a fazer de padres, monges ou missionários”.
O arcebispo de Évora destacou esta iniciativa, como sendo “uma oportunidade de reflexão, de encontro consigo mesmo, de crescimento humano que a Igreja propõe num ambiente muito superficial e onde muitas vezes não acontece nem a ajuda espiritual, nem psicológica”.
O projeto é “ambicioso, mas realista”, refere ao arcebispo de Évora, esperando que chegue ao maior número de pessoas, em particular, “às novas gerações”, para que tenham a possibilidade de encetar “um encontro vocacional”.
Nestas declarações ao jornal da diocese, D. Francisco mostrou-se convicto de que “serviremos com um dinamismo próprio da Igreja, que é a espiritualidade, a nossa população”, abrindo as portas a todos os que “se queiram reencontrar, refazer e questionar, pois é sempre saudável voltar ao principio para solidificar o presente”.
O projeto do biénio vocacional, agora fortalecido com a Carta Pastora “Vem e Segue-me”, pretende também aproveitar a caminhada sinodal que se vive, assim como o esforço de preparação da Jornada Mundial da Juventude que será vivida em 2023, em Lisboa.