A inflação comeu 4,6% dos salários dos portugueses no segundo trimestre do ano, sendo os funcionários públicos os que mais perderam com o aumento dos preços, adiantou esta quinta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Entre abril e junho, os salários mensais brutos subiram para 1.439 euros. Mas a inflação cresceu ainda mais (8%). Contas feitas, os trabalhadores ficaram com menos poder de compra - a remuneração bruta mensal média, sem subsídios ou outras componentes salariais, diminuiu 4,6%.
Tendo em conta apenas a remuneração base e regular, a queda real, no segundo trimestre, chega aos 5,1%.
Estes números do INE abrangem os beneficiários da Segurança Social e subscritores da Caixa Geral de Aposentações, são 4,4 milhões de postos de trabalho.
Salários estão a aumentar
Não fosse a inflação, e os trabalhadores conseguiam levar mais dinheiro para casa no final do mês. Segundo dados de junho, a energia continua a ser o sector que paga melhor, está nos 3.527 euros, com uma progressão salarial de 21,2% face ao ano anterior. Segue-se o sector da consultoria, a área científica e técnica.
As empresas que estão a aumentar mais os ordenados têm até quatro trabalhadores (6,5%), são do setor privado (4,4%) e prestam “serviços de alta tecnologia com forte intensidade de conhecimento (6,1%).
No extremo oposto, com os menores aumentos, mas sem cortes, está a administração pública, defesa, saúde e apoio social. Em termos de dimensão, os menos beneficiados no último ano foram os trabalhadores de empresas com 250 a 499 trabalhadores, em que o ordenado subiu apenas 0,1%, em termos médios.
No setor institucional das Administrações Públicas a remuneração total subiu 1,4%, em comparação com junho de 2021, para 2.180 euros (2.150 euros no ano passado). Já nas empresas do setor privado a remuneração total registou uma variação homóloga de 4,4%, de 1.235 euros em junho de 2021 para 1.289 euros um ano depois.
Uma diferença que o INE justifica com o tipo de trabalho e as qualificações. Os funcionários públicos têm, em média, níveis de escolaridade mais elevados: mais de metade (54,3%) tem o ensino superior (vs. 22% no privado), 25,5% completaram o secundário (vs. 31,4%) e 20,2% tinham um nível de escolaridade correspondente, no máximo, ao 3º ciclo do ensino básico (vs. 46,6% no setor privado).
Na indústria transformadora, são as empresas de alta tecnologia industrial que pagam melhor (1.966 euros). Um valor que ultrapassa o salário bruto mensal no mesmo mês de quem presta serviços intensivos em conhecimento, que foi de 1.815 euros, em termos médios. Só ultrapassado nas empresas de serviços financeiros com forte intensidade de conhecimento (2.535 euros).
Na agricultura e pescas, o ordenado bruto médio mensal ficou abaixo dos 900 euros.