Poluição no Tejo. Movimento acusa Inspeção-Geral de "incompetência"
06-02-2018 - 06:54

Movimento de cidadãos diz que amostras foram recolhidas muito tarde. Inspetor-geral fala em “constrangimentos inusitados”.

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O proTejo – Movimento pelo Tejo acusa a Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT) de “incompetência” na recolha de amostras na sequência do episódio de poluição registada no rio mais extenso da Península Ibérica.

“Neste caso, é evidente a incompetência revelada pela IGAMAOT na obtenção de prova pelo facto de ter demorado uma semana a fazer a recolha das amostras”, refere o movimento em comunicado.

Segundo a nota, a recolha das amostras deveria ter sido feita de modo manual assim que a recolha automática não obteve resultados, “ou seja, no dia seguinte à primeira tentativa, a 27 de janeiro, e não apenas dia 31 de janeiro, uma semana depois do extremo episódio de poluição ocorrido no dia 24 de janeiro”.

Depois deste episódio, em que apareceu uma enorme mancha de espuma no açude de Abrantes, a inspeção-geral tinha informado que iria revelar, na segunda-feira, os resultados das análises feitas às empresas alvo de inspeção: quatro ETAR urbanas e três empresas (Celtejo, Navigator e Paper Prime).

"Os resultados das análises à água do rio Tejo foram conhecidos apenas parcialmente uma vez que o inspetor-geral do Ambiente Nuno Banza revelou que os resultados da Celtejo, empresa indicada como responsável pela maioria das descargas da indústria da pasta de papel, ainda não eram conhecidos visto que a inspeção teve dificuldades para recolher as amostras", afirma o movimento.

A demora, defende, pode "colocar em causa a relevância da prova obtida".

Segundo o inspetor-geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, a Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Abrantes encontra-se em incumprimento dos parâmetros a que está obrigada.

Nuno Banza não considerou, contudo, “os incumprimentos expressivos”. Em conferência de imprensa, indicou ainda que as análises foram feitas a partir do dia 24 de janeiro, após o alerta da presença de espuma no açude de Abrantes, tendo sido isolados os alvos com maior risco de poderem estar na origem da ocorrência do fenómeno de poluição no rio Tejo.

Das ETAR e indústrias identificadas, a IGAMAOT deparou-se com "vários constrangimentos inusitados" na amostragem realizada na Celtejo, pelo que os resultados desta empresa de celulose "são esperados na próxima semana", informou o inspetor-geral.

Já a ETAR de Mação e as unidades industriais Paper Prime e Navigator cumprem os valores a que estão obrigadas, avançou.

Também na segunda-feira, o Ministério do Ambiente anunciou o prolongamento por mais 30 dias de todas as medidas provisórias impostas à empresa Celtejo, nomeadamente a redução de 50% do volume diário de descargas de efluentes no rio Tejo.