O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, enviou uma carta à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP, ou OPEC, na sigla inglesa) a pedir o seu apoio contra as sanções impostas pelos Estados Unidos à indústria petrolífera do país, citando o impacto dessa medida nos preços do crude e os potenciais riscos que representa para os restantes membros do grupo.
A notícia foi avançada esta segunda-feira pela Reuters, que teve acesso exclusivo à missiva. Uma fonte próxima da organização disse à agência que a OPEP, cofundada pela Venezuela, já rejeitou qualquer tomada de posição oficial, por estar preocupada com o negócio do petróleo e não com política.
Mais de 40 nações, incluindo os EUA e Portugal, já reconheceram o rival de Maduro, Juan Guaidó, como o Presidente interino legítimo do país, após as disputadas eleições presidenciais do final do ano passado. Guaidó, que preside à Assembleia Nacional e que lidera o partido da oposição Vontade Popular, autoproclamou-se Presidente interino da Venezuela a 25 de janeiro, uma semana depois da tomada de posse de Maduro.
A carta em questão está datada de 29 de janeiro e foi endereçada ao secretário-geral da OPEP, Mohammad Barkindo, um dia depois de a administração norte-americana de Donald Trump ter imposto sanções à petrolífera estatal venezuelana PDVSA.
"O nosso país espera receber a solidariedade e total apoio dos Estados-membros da OPEP e da sua conferência de ministros na luta que estamos atualmente a travar contra a intrusão ilegal e arbitrária dos EUA nos assuntos internos da Venezuela", lê-se na missiva assinada por Maduro.
No mesmo documento, o contestado Presidente pede "forte apoio e colaboração na denúncia conjunta" dessas pressões e para "fazer frente a esta desapropriação desavergonhada de um dos membros da OPEC".
Analistas ouvidos pela Reuters dizem que a organização tem ampla capacidade para compensar as perdas decorrentes das sanções impostas às exportações de petróleo venezuelano, nomeadamente graças às reservas estratégicas da Arábia Saudita.
Historicamente, a OPEP tenta evitar envolver-se em disputas políticas nos seus Estados-membros. No ano passado, rejeitou um pedido do Irão para que convencesse os EUA a retirar as suas sanções a Teerão.