O coordenador dos deputados do PS na comissão de inquérito à TAP, Carlos Pereira, confirmou esta sexta-feira que vai deixar todas as suas funções neste órgão parlamentar após uma notícia de alegado favorecimento do Correio da Manhã.
Em causa está o perdão de uma dívida ao deputado do PS, mais concretamente, segundo a edição desta sexta-feira do "Correio da Manhã", um corte de 66 mil euros no pagamento de um crédito a uma empresa no qual era avalista.
Numa declaração escrita enviada à agência Lusa, Carlos Pereira justifica a decisão com a necessidade de "proteger os resultados a apurar na Comissão de Inquérito e salvaguardar os superiores interesses do Partido Socialista".
O ainda coordenador dos deputados socialistas no inquérito à TAP alega que as notícias "que se têm repetido nas últimas semanas apenas contribuem para adensar um clima de suspeição injustificado".
O deputado eleito pela Madeira assinala que vai deixar não só a coordenação no inquérito, mas também a própria comissão.
"Entendi solicitar ao presidente do Grupo Parlamentar do PS que me desobrigasse da coordenação dos deputados do Partido Socialista na Comissão Parlamentar de Inquérito à Gestão Política da TAP, bem como, da minha presença na referida Comissão", escreve.
Carlos Pereira assegura ter prestado ao Correio da Manhã "todos os esclarecimentos" que lhe foram solicitados e rejeita qualquer favorecimento.
"Nunca existiu qualquer incompatibilidade no exercício pleno da minha atividade como deputado, ou qualquer tratamento de favor para comigo por parte da Caixa Geral de Depósitos", afirma, prometendo mais esclarecimentos sobre a notícia do Correio da Manhã para "o princípio da manhã".
O economista e antigo líder do PS no parlamento da Madeira estava já no centro de uma polémica depois de se saber que participou numa reunião com a ex-presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, e com assessores do Governo em 17 de janeiro, na véspera de uma audição desta na Assembleia da República.
A participação de Carlos Pereira na referida reunião levou alguns partidos da oposição, como o Chega e a IL, a contestarem a sua continuidade na comissão de inquérito.
Um perdão de 66 mil euros
De acordo com o Correio da Manhã, Carlos Pereira foi uma das seis pessoas executadas pela Caixa Geral de Depósitos enquanto avalistas da BKAT Consulting, cuja dívida total ascende a 100 mil euros. O banco público esclarece que, em março do ano passado, o caso culminou com a aprovação de uma solução de liquidação extrajudicial de parte de dívida, com perdão remanescente.
Em resposta ao mesmo jornal, o deputado do PS sublinha nunca ter sido acionista da empresa em causa.
Carlos Pereira, recorde-se, foi relator da comissão parlamentar de inquérito à Caixa Geral de Depósitos, em 2016, e pertenceu à segunda comissão de inquérito ao banco público em 2019.
[Notícia atualizada às 7h15 de 14 de abril de 2023]