O Conselho de Segurança das Organização das Nações Unidas terminou reunião sem acordo sobre uma trégua humanitária na Síria onde, segundo diplomatas, a situação na Ghouta oriental, perto de Damasco, é crítica.
Foi com rostos fechados e sombrios que vários embaixadores dos 15 Estados membros do Conselho de Segurança saíram de uma reunião à porta fechada pedida pela Suécia e pelo Koweit, sem uma palavra para os jornalistas.
"Sem comentários", disse o representante francês, François Delattre. "É terrível", declarou outro diplomata de um Estado europeu.
Na terça-feira, os representantes de várias agências da ONU baseadas em Damasco tinham exigido "uma cessação imediata das hostilidades durante pelo menos um mês, em toda a Síria".
O embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, que foi dos primeiros a sair da reunião, afirmou que um cessar-fogo humanitário "não era realista".
A situação humanitária no terreno não mudou desde o mês passado, avançou. "Gostaríamos de ver um cessar-fogo, o fim da guerra, mas os terroristas... não sei se estariam de acordo", acrescentou.
O responsável da ONU para os Assuntos Humanitários, Mark Lowcock, recusou responder à comunicação social.
Uma fonte diplomática revelou que Lowcock detalhou longamente ao conselho "a pior situação desde 2015", adiantando que afirmou "Precisamos desesperadamente de um acesso humanitário e que os civis sejam poupados".
A situação é má na província de Idleb, no noroeste, onde mais de 12 mil escolas estão fechadas, onde os civis fogem dos bombardeamentos e os dispensários e hospitais são atacados.
Vassily Nebenzia afirmou entretanto que tinha dito ao Conselho de Segurança que os ataques aéreos da coligação liderada pelos EUA eram "inadmissíveis" e "deploráveis", considerando que não poderiam sem repetidos fossem quais fossem as razões que a coligação desse.
Nebenzia adiantou que a embaixadora norte-americana, Nikki Haley, levantou a questão dos ataques aéreos para defender os bombardeamentos feitos pelos EUA que terão morto cerca de 100 efetivos do regime sírio.
Os norte-americanos justificaram a sua ação no leste sírio, como sendo em autodefesa, mencionando um ataque às suas forças aliadas e aos seus militares que as estão a aconselhar, na província de Deir el-Zour.
Nebenzia disse ainda aos jornalistas que lembrou ao conselho que a coligação não tinha sido convidada para a Síria e que a Federação Russa via os seus ataques alegadamente contra "o terrorismo internacional" como indo "além desta justificação".
O representante russo realçou, por fim, que se a situação humanitária na Síria é "deplorável", não é, "de forma nenhuma, muito diferente do que era há um mês, mas está a ser apresentada como se tivesse acontecido alguma coisa dramática".