Oito em cada 10 crianças consomem até três vezes por semana doces e salgados e sete em cada 10 bebem refrigerantes açucarados, revela o estudo COSI Portugal divulgado pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA).
O estudo COSI Portugal, sistema de vigilância nutricional infantil integrado no estudo Childhood Obesity Surveillance Initiative da OMS/Europa, coordenado pelo INSA, envolveu 8.845 crianças de 228 escolas do 1.º Ciclo do Ensino Básico, no ano letivo 2018/2019.
A análise da frequência de consumo semanal de alimentos e bebidas reportado pelas crianças, com idades entre os seis e os oito anos, mostrou que 16% consome quatro ou mais vezes por semana snacks doces (biscoitos/bolachas doces, bolos, donuts) e 80% fazem-no até três vezes por semana.
Na mesma frequência, 71,3% das crianças avaliadas bebem refrigerantes açucarados, sendo que 14,1% consomem estas bebidas quatro ou mais vezes por semana.
O consumo até três dias por semana de snacks salgados, como batatas fritas de pacote, folhados ou pipocas, foi apontado por 82,4% das crianças, adianta o estudo apresentado na primeira "Conferência do Centro Colaborativo da Organização Mundial de Saúde em Nutrição e Obesidade Infantil", que está a decorrer no INSA, em Lisboa, e que visa assinalar cinco anos de colaboração do Instituto com a OMS.
Consumo diário de carne caiu
Questionadas sobre o consumo de leite, as crianças disseram que bebem diariamente, preferencialmente leite magro ou meio gordo (71,8%), enquanto 3,8% bebem leite gordo.
O consumo diário de iogurtes, sobremesas lácteas ou outros produtos lácteos foi referido por 18,8% das crianças e de queijo por 7,1%.
Outras conclusões apontam que o consumo diário de carne caiu de 17,3% em 2016 para 9,2% em 2019, mantendo-se superior ao de pescado (3,8%).
Relativamente às hortofrutícolas, o consumo diário de fruta foi mais frequente (63,1%) do que a sopa de legumes (57,3%).
A investigação também questionou os pais sobre como as crianças se deslocam para a escola, tendo a maioria (66,5%) indicado que vão de carro e 19% vão a pé.
Para a maioria dos encarregados de educação (62,7%), o caminho de ida e de regresso da escola não é seguro.
Relativamente ao número de horas que as crianças despendiam a fazer os trabalhos de casa durante a semana, observou-se que 86,5% dedicavam até uma hora por dia a realizar esta tarefa.
Quanto ao tempo que as crianças despendiam a jogar no computador, o estudo verificou que durante a semana 47,5% das crianças utilizam-no cerca de uma hora por dia, um tempo que aumenta para duas horas ou mais ao fim de semana.