O vice-presidente da Frente Cívica considera que o Governo deve explicações sobre o pagamento de um bónus milionário à presidente executiva da TAP.
Esta quinta-feira, o Jornal Económico avançava que o prémio, entre 2,1 milhões e 3 milhões de euros, por cumprimento de objetivos no processo de reestruturação da companhia aérea será ilegal, uma vez que o contrato de Christine Ourmières-Widener não foi ratificado em assembleia-geral de acionistas da TAP, tal como a lei prevê.
“Isto é um pesadelo que o Governo criou, mantém e tem, de uma vez por todas, de explicar”, defende João Paulo Batalha, em declarações à Renascença.
Este consultor em políticas de transparência e anticorrupção lembra que os contribuintes já entregaram “3.200 milhões para salvar uma empresa [a TAP], não têm direito a conhecer o plano de salvação dessa empresa, não têm direito a conhecer os termos em que são pagos bónus aos administradores e o Governo esquiva-se à transparência que é devida, ao não levar à Assembleia-Geral aquilo que, legalmente, tinha de levar à Assembleia-Geral”.
João Paulo Batalha fala de “conluio” entre o Governo e a administração da TAP e diz que a presidente da Comissão Executiva da empresa “não merece confiança, mas está protegida”.
“Tanto podem a salvar a TAP como podem estar a assaltar a TAP”, remata.
PS à frente de comissão parlamentar é “contenção de danos”
Esta semana, o PS viabilizou a comissão de inquérito à gestão da TAP, proposta pelo Bloco de Esquerda.
Depois de, num primeiro momento, ter indicado a preferência por um deputado do Chega para presidir a essa comissão parlamentar, os socialistas acabaram por indicar Jorge Seguro Sanches, ex-secretário de Estado da Defesa, associado à polémica em torno da derrapagem financeira com as obras do Hospital das Forças Armadas, em Lisboa.
Comentando esta escolha, João Paulo Batalha admite que o objetivo do PS poderá ser o de “condicionar o trabalho da comissão e fazer a contenção dos danos daquilo que pode vir a ser apurado”.
“O Partido Socialista, que tem uma política assumida de fazer um cerco total ao Chega, quis, num primeiro momento, que fosse esse partido maldito a presidir à Comissão e isso seria, para o PS, uma forma de ter um alibi para rejeitar o resultado dessa comissão”, acrescenta.
Nesse quadro, o vice-presidente da Frente Cívica apela aos deputados que façam “o seu trabalho de forma independente e assertiva, porque, senão, o risco é que esta comissão não sirva para nada”.