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O Instituto da Segurança Social (ISS) disse hoje que o lar ilegal de Samora Correia onde 43 dos 44 utentes estão infetados com o novo coronavírus foi encerrado e evacuado por não existirem “condições mínimas para permanência” dos idosos.
Numa resposta à Lusa este sábado, na sequência de queixas de familiares dos idosos que foram levados na quarta-feira à tarde da residência não legalizada pela Segurança Social, situada em Samora Correia, no concelho de Benavente (Santarém), para a estrutura distrital de retaguarda, em Fátima, o ISS afirma que, feita uma avaliação pelas autoridades, foi decidido encerrar e evacuar as instalações, porque “não estavam reunidas condições mínimas” para permanência dos idosos, “estando em causa a sua segurança”.
Segundo o ISS, dos 44 utentes que se encontravam na Residência Familiar Márcio Moreira, conhecida por Cantinho Sénior, em Samora Correia, apenas um teve resultado negativo no teste ao SARS-CoV-2, tendo sido levado pelos familiares para uma unidade privada.
Oito idosos foram internados e os restantes 35, entre os quais a mãe da proprietária, foram levados para a estrutura de apoio de retaguarda definida para o distrito de Santarém, o Centro Espiritual Francisco e Jacinta Marto, em Fátima, “que se encontra sob a gestão técnica da Segurança Social, com o apoio dos serviços clínicos e de enfermagem” do Agrupamento de Centros de Saúde do Médio Tejo e a intervenção da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, “ao nível logístico e de funcionamento do equipamento”, afirma.
Numa exposição feita pelos familiares de uma idosa, é afirmado que os utentes transferidos não tiveram acompanhamento médico e de enfermagem durante a deslocação e que, na chegada à estrutura de apoio, na quarta-feira à noite, não receberam cuidados de higiene nem a medicação, situação que, afirmam, em alguns casos se prolongou até ao princípio da tarde de quinta-feira.
Nessa denúncia, os familiares afirmavam que alguns dos idosos “apresentavam sinais de desidratação, febre, ansiedade e dificuldades respiratórias”, tendo três deles sido encaminhados para o Hospital de Leiria “descompensados, desorientados e desidratados”.
O ISS afirma que os utentes foram recebidos pela direção técnica em funções, pela equipa médica e de enfermagem e por elementos da proteção civil, sublinhando que, “por se tratar de um acolhimento em larga escala, o processo de admissão e acolhimento dos utentes foi naturalmente exigente”.
“Contudo, foram garantidos todos os serviços assistenciais aos idosos, tais como avaliação clínica e de enfermagem, cuidados individuais ao nível da higiene, da alimentação, do conforto e segurança”, afirma.
Quanto às queixas de falta de informação às famílias, o ISS afirma que, na quarta-feira, “uma equipa da Segurança Social contactou telefonicamente todos os familiares, informando da condição de cada um dos idosos e a decisão de acolhimento na Estrutura de Apoio de Retaguarda”.
Na exposição, os familiares afirmam que alguns foram contactados pela Segurança Social “informando que deveriam procurar um lar alternativo para os seus entes após o fim da quarentena, dado que não poderiam regressar ao lar de origem por estar em situação ilegal”.
Afirmando que não existem alternativas públicas na região, os familiares asseguram que o lar em questão “tem condições dignas de acolhimento e que os idosos são bem tratados e acarinhados pelos cuidadores”, e que “a maioria dos utentes” tem “pensões sociais e parcos rendimentos que não permitem pagar os valores exigidos por lares privados”.
Segundo o ISS, existem respostas sociais para idosos na região, dando como exemplo os cinco lares situados no concelho de Benavente, mas mostra-se disponível para, “nos casos em que existam dificuldades em encontrar” colocação, apoiar as famílias a encontrar uma alternativa, após o período de quarentena.