Coronavírus. Antigo diretor-geral da Saúde garante: "Na maior parte dos casos, sintomas passarão ao fim de cinco dias”
16-03-2020 - 20:25
 • José Pedro Frazão com Renascença

Constantino Sakellarides admite também que já durante a próxima semana o Governo português adotará “medidas mais restritivas” no combate ao novo coronavírus. Mas adverte: “Medidas muito radicais e precoces são difíceis de suportar pela economia e pela sociedade”.

O antigo diretor-geral da Saúde e membro do Conselho Nacional de Saúde Pública, Constantino Sakellarides, admitiu, em entrevista à Renascença, que medidas ainda mais restritivas de combate ao novo coronavírus, nomeadamente como as tomadas em Espanha, podem vir a ser implementadas pelo Governo português em breve. No entanto, ressalva: não são casos por agora comparáveis, o português e o espanhol.

“A Espanha está muito mais avançada no processo epidémico do que nós. Estas medidas mais restritivas, é razoável prever que também venham a acontecer durante a próxima semana em Portugal. Mas depende da análise que fizermos dos dados que temos, da forma como a doença está a expandir”, explica.

Uma das medidas já implementada em Portugal foi o encerramento das escolas. Aqui, Portugal antecipou-se aos vizinhos espanhóis.

“Portugal fechou as escolas aos 80 casos, a Dinamarca fechou aos 500 casos e Espanha fechou aos 2.000 casos. Isto quer dizer que essas medidas não são tomadas universalmente. As características da evolução epidémica não são iguais em todo o lado. Nem são iguais em todas as regiões do mesmo país. As medidas são tomadas com as circunstanciais de cada país, mas também com a aprendizagem que fazemos dos outros países”, lembra Constantino Sakellarides.

Uma coisa é certa, defende o antigo diretor-geral da Saúde: medidas tomadas de forma “radical” ou “precoce” são, ou podem ser, prejudiciais. “Medidas muito radicais e precoces são difíceis de suportar pela economia e pela sociedade. É preciso não ir na cópia automática das medidas mais radicais”. Na hora de as tomar, é preciso atender a “quem tem toda a informação importante”, lembra, no caso “a DGS em Portugal e a OMS em todo o mundo”.

Constantino Sakellarides lembra também que “a maior parte dos casos, que não são graves, vão evoluir em casa e os sintomas vão passar ao fim de cinco ou seis dias após o seu aparecimento”. E lembra o caso chinês, apelando à serenidade da população: “A observação do que se passou na China mostra-nos que os internamentos dos casos mais graves vão acontecer ao fim de 10 dias de sintomas. Ou seja, se os sintomas não passarem ao fim de uma semana, devemos pedir aconselhamento à linha SNS 24 – e se os sintomas se agarravarem muito, devemos ligar para o 112”.