Lavrov diz que ou a Ucrânia aceita as propostas de Moscovo “ou o exército russo trata desta questão”
27-12-2022 - 06:57
 • Renascença

O chefe da diplomacia russa alega que Kiev está bem ciente das propostas de Moscovo para acabar com o conflito e que passam pela “desmilitarização" e "desnazificação" da Ucrânia.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, acusa a Ucrânia de rejeitar negociações para pôr fim ao conflito militar e desafia o governo de Kiev a aceitar a sua proposta de paz "amigavelmente", caso contrário, garante que “o exército russo tratará desta questão".

Em entrevista à agência de notícias TASS, Sergei Lavov defende que as propostas de Moscovo com vista a um acordo são bem conhecidas por Kiev, e que a Ucrânia “deve cumpri-las para seu próprio bem”.

“As nossas propostas para desmilitarização e desnazificação dos territórios controlados pelo regime, a eliminação das ameaças à segurança da Rússia que emanam de lá, incluindo os nossos novos territórios, são bem conhecidas do inimigo", refere Lavrov

Em setembro passado, Moscovo proclamou a anexação de quatro províncias da Ucrânia - Donetsk, Lugansk, Zaporíjia e Kherson - depois de realizar referendos locais que vieram a ser considerados “falsos e ilegais” por Kiev e seus aliados.

Nesta mesma entrevista à TASS, o chefe da diplomacia russa acusa os Estados Unidos e países membros da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte) de quererem obter de uma vitória no campo de batalha para destruir a Rússia.

"Os nossos adversários farão qualquer coisa para atingir esse objetivo”, refere, ao mesmo tempo que acrescenta: “As ações do Ocidente coletivo e do seu fantoche Zelensky confirmam a natureza global da crise ucraniana. Não é segredo que o objetivo estratégico dos EUA e seus aliados da NATO é obter uma vitória sobre a Rússia no campo de batalha, como uma forma de enfraquecer ou mesmo destruir o nosso país".

“Ocidente aumenta o risco de choque direto entre potências nucleares”, acusa Lavrov

De acordo com o chefe da diplomacia russa, o curso político do ocidente, “que visa a contenção total da Rússia”, faz aumentar os riscos de um confronto armado direto entre potências nucleares.

“O ocidente está constantemente a exagerar com especulações irresponsáveis de que a Rússia está supostamente prestes a usar armas nucleares contra a Ucrânia, quando estamos a falar de assuntos absolutamente diferentes”, sustenta.

As declarações do Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia são conhecidas depois de o seu homólogo ucraniano, Dmytro Kuleba, ter anunciado a intenção de realizar uma cimeira da paz, até final de fevereiro.

“Por um lado, não permitir que a Rússia manipule a questão da paz porque eles dizem muitas vezes que estão dispostos a negociar, o que não é verdade. Tudo o que fazem no campo de batalha prova o contrário. Eles não querem a paz”, afirmou em entrevista à agência Associated Press.

Dmytro Kuleba defende que a mediação deverá ficar a cargo do Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres. “Já provou ser um mediador eficaz e um negociador eficaz. Mais importante ainda, é um homem de princípios e integridade. Por isso, vemos com bons olhos a sua participação ativa”, declara.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia entende que as Nações Unidas serão o melhor palco para a realização dessa cimeira.