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“Não há precedentes de uma operação assim”. É como o secretário-geral do Sistema de Segurança Interna (SSI) se refere à Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no que toca às exigências de segurança. “Já tivemos Cimeira da Nato, Conferência dos Oceanos”, recorda, mas esta tem uma exigência diferente. Porquê? Porque a JMJ alia a presença do Papa Francisco à movimentação de centenas de milhares de pessoas.
Para garantir a segurança das entidades, pessoas e o normal funcionamento do resto do país, o trabalho de preparação para a JMJ começou há cerca de um ano e meio e envolveu mais de 30 entidades – do SIS à Proteção Civil, passando pela PSP e GNR, autarquias e até serviços de informação internacionais.
Pela primeira vez, foi possível ter em funcionamento uma sala onde não só marcam presença 14 entidades, como há meios tecnológicos e disponibilidade para uma “cooperação total”, classifica Paulo Vizeu Pinheiro, secretário-geral do SSI.
É no espaço do SSI que funciona o centro de coordenação e controlo estratégico da Jornada Mundial da Juventude. Rodeados de ecrãs, mais de 40 pessoas das várias entidades recebem e partilham informação em tempo real sobre o que se passa no terreno. Estão ali, em máxima força, das 7h00 até às 24h00 e durante a madrugada em regime de piquete.
Por exemplo, através das operadoras, é possível saber, com elevado grau de exatidão, quantas pessoas estão num determinado espaço, através do registo do número de telemóveis ligados às antenas. A informação é atualizada de 15 em 15 minutos, o que permitiu, por exemplo, identificar que esta manhã, quando o Papa foi ao Palácio de Belém, estavam 40 mil pessoas nas imediações para tentar ver Francisco.
É possível também saber quantas e onde estão as equipas das várias forças de segurança – GNR, PSP e Proteção Civil – munidas de rádios. Através de câmaras, cujo sinal é fornecido pela Infraestruturas de Portugal, é possível monitorizar o fluxo de trânsito.
É assim que mantêm debaixo de olho os quatro principais cenários da JMJ: o Parque Eduardo VII, o Parque Tejo, o Passeio Marítimo de Algés e Fátima.
Um ano de preparação e três testes ao conceito
Para chegar a este dia, as forças de segurança olharam com detalhe para edições anteriores da Jornada Mundial da Juventude, nomeadamente, a do Rio de Janeiro ou a do Panamá. Perceberam que, noutras JMJs, alguns dos problemas foram quedas de estruturas, pressão nos acessos aos recintos ou incidentes nos transportes.
Uma das situações inesperadas aconteceu no Rio de Janeiro, quando fortes chuvadas obrigaram à mudança de local da missa final que acabou por se realizar na praia de Copacabana. E se situação semelhante acontecesse cá?
Não havia um local único que conseguisse ser uma alternativa ao Parque Tejo. Nesse cenário hipotético, a missa final, onde são esperados cerca de um milhão de peregrinos, teria de ser acompanhada pelas pessoas em diversos sítios em simultâneo, por exemplo, o Parque Eduardo VII, o Parque da Bela Vista, o Passeio Marítimo de Algés e a Praça do Comércio.
O trabalho de preparação levou mais de um ano e obrigou à realização de três exercícios e o sistema foi sendo testado, por exemplo, nas comemorações do campeonato conquistado pelo Benfica ou durante os festejos dos Santos Populares.
A Jornada Mundial da Juventude entra esta quinta-feira no seu terceiro dia, mas é o primeiro que conta com a presença do Papa. Francisco fica em Portugal até domingo, o Centro de Coordenação e Controlo Estratégico vai manter-se em funções até dia 7. Mas o legado desta experiência vai perdurar, assim o deseja o secretário-geral do SSI.
Paulo Vizeu Pinheiro enaltece o espírito de “cooperação total” que se tem verificado e assegura que a partir de agora a capacidade de cruzamento de informações fica “mais robustecido”.