O antigo presidente da Comissão Europeia Jacques Delors, que morreu esta quarta-feira aos 98 anos, apoiou sempre Portugal e foi o “principal arquiteto da Europa unida”, afirma Durão Barroso.
Em declarações à Renascença, o ex-primeiro-ministro português, que também presidiu à Comissão Europeia, recorda que Delors apelidou Portugal como “O bom aluno”.
“Ele sempre apoiou Portugal. Ele gostava de Portugal e admirava, porque na altura em que nós entrámos para a União Europeia, em 1986, Portugal estava muito muito longe do avanço dos países que já tinham maior experiência europeia. Ele chamou-nos ‘o bom aluno’, porque admirava a forma como Portugal se conseguiu adaptar aos desafios mais exigentes da integração europeia”, sublinha Durão Barroso.
Como presidente da Comissão Europeia, Barroso também sentiu “sempre” o apoio de Delors.
“Ficou célebre um discurso que ele fez em junho de 2013, ainda estávamos na crise da dívida soberana, os problemas com o euro, a Grécia e também com Portugal, e ele disse: ‘não tenham medo, vamos conseguir, a União Europeia vai conseguir ultrapassar esta dificuldade”, recorda o político português.
Nestas declarações à Renascença, Durão Barroso destaca o papel de Jacques Delors como arquiteto de uma Europa Unida.
“Jacques Delors foi aquele que no final dos anos 80, início dos anos 90, se estabeleceu como o principal arquiteto da Europa unida. Fê-lo combinando, de forma muito interessante, pragmatismo no método com a visão e ambição no desígnio superior da integração europeia. A paz, a justiça, ele falava muito na alma europeia. Era um homem também que tinha uma coisa que hoje em dia é mais rara: via a Europa acima de sectarismos políticos-ideológicos ou partidários”, refere Durão Barroso.