O relatório anual de 2019 da Europol sobre a situação e tendências do terrorismo na União Europeia alerta para a ação de três grupos de extrema-direita ativos em Portugal, a nível nacional e internacional.
“Em Portugal, o Blood & Honour, o Portugal Hammer Skins e o recém-criado movimento neonazi Nova Ordem Social estão ativos tanto a nível nacional como internacional”, lê-se no relatório deste ano da Europol, serviço europeu de polícia, referente a 2018.
São, igualmente, assinaladas as atividades na “cena musical” deste tipo de grupos em Portugal, que atraem apoiantes de vários Estados-membros e de outros países, e que já foi referido, em março, no Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2018.
Em termos europeus, o Europol classifica o terrorismo na Europa como uma ameaça à segurança dos Estados-membros, lembrando vários atentados, entre eles um atribuído à extrema-direita em Itália.
Em março, o RASI de 2018 alertou que a tensão entre a extrema-direita e os grupos antifascistas “agravou-se significativamente”, gerando “um clima potenciador da violência ideologicamente motivada”, “por responsabilidade de ambas as partes”, extremistas de direita e grupos antifascistas.
No capítulo dedicado às “ameaças globais à segurança”, o documento indica que os extremismos políticos não registaram “alterações significativas” em 2018 relativamente ao ano anterior, continuando a extrema-direita portuguesa “a revelar grande dinamismo na luta pela ‘reconquista’ da Europa, nomeadamente no que diz respeito ao combate à imigração ilegal, à islamização, ao multiculturalismo e ao marxismo cultural”.
Segundo o RASI, o setor identitário e neofascista destacou-se novamente em 2018 através da organização de conferências, ações de propaganda, celebrações de datas simbólicas, ações de protesto, eventos musicais e sessões de treino de artes marciais, num “perfeito alinhamento com o modo de atuação dos seus congéneres europeus, com quem manteve contactos frequentes”.
A tendência skinhead neonazi esteve “menos ativa”, mas manteve as suas atividades tradicionais, como concertos e reuniões, além de associar pontualmente às iniciativas do movimento identitário e neofascista, indica o RASI, frisando que a extrema direita registou “uma intensa difusão de propaganda em ambiente virtual, com o objetivo de criar condições favoráveis ao sucesso eleitoral de forças políticas nacionalistas ou populistas em 2019”.
No lado oposto, o documento sublinha que os anarquistas e autónomos mantiveram “a tendência antecedente, observando-se sobretudo atividades de propaganda e de doutrinação ideológica, frequentemente com a participação de militantes ou coletivos, alguns dos quais dos meios mais radicais e violentos do anarquismo insurrecional”.