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A Câmara de Lisboa assume esta quarta-feira a gestão da empresa de transportes rodoviários Carris, 41 anos depois de a "ter perdido" para o Estado, num processo envolto em polémica e depois de o PCP ter pedido a apreciação parlamentar deste processo.
"A Carris regressa a casa", afirmou o presidente da Câmara, Fernando Medina, na cerimónia de assinatura do memorando da passagem de gestão da rodoviária para o município, em Novembro.
A entrega da empresa à autarquia foi uma opção do actual Governo, liderado por António Costa (antigo presidente da Câmara lisboeta), na sequência da suspensão dos processos de concessão das empresas públicas de transporte, lançados em 2011 pelo Governo PSD/CDS-PP, liderado por Pedro Passos Coelho.
Mas a decisão não tem o apoio do PCP, que na sexta-feira entregou na Assembleia da República um pedido de apreciação parlamentar do diploma que transfere a Carris para o município, acompanhado de propostas de alteração ao decreto do Governo.
Já em Setembro, o presidente da Câmara de Loures, Bernardino Soares (PCP), defendeu que a rodoviária e o Metro de Lisboa deveriam ficar sob alçada de uma entidade supramunicipal pública.
A decisão do PCP não agradou à comissão de trabalhadores da Carris e três estruturas sindicais – Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes (SITRA), Sindicato Nacional dos Motoristas (SNM) e Associação Sindical do Pessoal de Tráfego da Carris (ASPTC) – ameaçaram fazer protestos à porta da sede do PCP.
Quanto à dívida histórica da Carris, irá manter-se no Estado. António Costa explica: "O Estado não faz nenhum favor, porque se mantém responsável pelo que já é responsável, que é a dívida que criou".
Em 2015, o valor desta dívida ascendia a perto de 700 milhões de euros.
Para o futuro, o presidente da Câmara de Lisboa já anunciou que vai adquirir 250 novos autocarros nos próximos três anos, fazer um investimento de 60 milhões de euros, contratar 220 motoristas, atribuir passes gratuitos a todas as crianças até aos 12 anos e descontos para os idosos e criar 21 novas linhas, que vão fazer parte da nova "Rede de Bairros" e pretendem servir deslocações do dia-a-dia nas freguesias lisboetas, ligando escolas, mercado, centro de saúde, entre outros.
Marvila será o primeiro bairro a receber a “Rede”, que vai chegar também a Alvalade, Arroios, Avenidas Novas, Beato, Belém, Benfica, Campo de Ourique, Campolide, Carnide, Estrela, Lumiar, Misericórdia, Olivais, Penha de França, Parque das Nações, Santa Clara, São Domingos, São Vicente, Santo António e Santa Maria Maior.