Alberto Luis, o marido de Agustina Bessa-Luís e braço direito da escritora, morreu no domingo na sua casa no Porto. Tinha 94 anos. O funeral realizou-se no dia seguinte, na Régua.
“Foi o coração que falhou”, disse a filha do casal Mónica Baldaque ao jornal “Correio da Manhã”.
Homem de cultura, Alberto Luís foi jurista e desempenhou um papel determinante nos bastidores da carreira literária da mulher.
Os dois conheceram-se quando a escritora publicou um anúncio no jornal a pedir para trocar cartas com uma pessoa culta.
“Alberto Luís é inseparável de Agustina Bessa-Luís, sua mulher. Foi proverbial o seu apego e entrega à obra da autora de “Sibila”. Deixa-nos um vazio insubstituível”, refere o Centro Nacional de Cultura (CNC) numa mensagem de condolências.
Numa reportagem feita pela Renascença em 2012, Alberto Luís contou como Agustina escrevia os seus romances à mão e ele decifrava a letra e escrevia à máquina.
“Todos os romances dela eram escritos em três meses. Ela por ano só trabalhava três meses, mas trabalhava a sério, como um operário, todos os dias fazia uma página destas e eu passava à máquina. Decifrava, descriptava, às vezes ia perguntar-lhe o que era aquilo e ela só revia quando vinham as provas tipográficas, que eu lhe lia em voz alta e ela seguia pelo manuscrito”, disse Alberto Luís.
“Era a única intervenção dela na correcção. Alterava, às vezes, uma frase, umas palavras. Toda a minha vida a decifrar, a descriptar, porque aquilo é muito difícil para quem não está habituado sobretudo em certas fases, porque ela tem fases de letra minúscula e outra de letra maior”, recordou o marido de Agustina Bessa-Luís.