O ministro da Economia e do Mar disse esta sexta-feira, na apresentação dos novos órgãos sociais do Banco Português de Fomento (BPF), querer que a instituição pague as linhas de apoios Covid-19 às empresas até final do ano.
"Estamos, ao nível do Banco de Fomento, a tentar resolver alguns dos problemas que existiam, nomeadamente com as linhas de Covid-19, e a promessa que foi feita pelo Estado durante o auge da crise pandémica, de que havia a conversão de 20% destas linhas a fundo perdido para as empresas", disse hoje António Costa Silva.
O ministro da Economia falava na Porto Business School, em Matosinhos, na apresentação dos novos órgãos sociais do BPF, encabeçados por Celeste Hagatong (presidente do Conselho de Administração, não executiva) e Ana Carvalho (presidente executiva), sessão na qual esteve também presente o primeiro-ministro, António Costa.
Segundo Costa Silva, estão a ser identificadas "as fontes de financiamento para rapidamente, e até ao fim do ano, pagar a todas as empresas", ajudando na "saga que os empresários todos os dias têm para fazer face aos seus compromissos e para desenharem um caminho para o futuro".
O titular da pasta da Economia no Governo anunciou ainda que o BPF cumpriu o objetivo das avaliações da Comissão Europeia no âmbito do 'Pillar Assessment', "uma auditoria externa que tinha de ser feita ao Banco de Fomento e que foi feita".
A avaliação consistia na verificação de "quais eram os sistemas de controlo interno, quais eram os sistemas de contabilidade, se estavam alinhados ou não com os 'standards' [padrões] internacionais, quais eram os métodos de 'procurement' [aprovisionamento], quais eram, no seu conjunto, os mecanismos para detetar as fraudes e a evasão fiscal", disse.
"Recebemos hoje a notícia que a Comissão Europeia apoiou, esse 'target' [objetivo] foi cumprido, e isso confere a todos nós, também, mais confiança para este novo ciclo de desenvolvimento que se aproxima", disse António Costa Silva.
O ministro frisou que, "nos últimos meses, sobretudo na altura do verão", o Governo trabalhou "para o país respeitar os compromissos que tinha no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, e alguns desses compromissos tinham a ver com Banco de Fomento".
"O trabalho que desenvolvemos com a doutora Beatriz Freitas [anterior presidente executiva] e com a doutora Susana Bernardo [anterior diretora de risco], e com as suas equipas, permitiu superar esses objetivos", salientou.
Já sobre a nova administração, António Costa Silva classificou Celeste Hagaton como "uma mulher de armas, com muita experiência da banca em tudo o que tem a ver com os seguros, e próxima do sistema empresarial".
A nova presidente executiva, Ana Carvalho, foi saudada pelo ministro "pela sua experiência, pela sua atividade multifacetada e pelo trabalho muito diligente que faz".
António Costa Silva assinalou ainda que o BPF é "a primeira instituição [bancária] do país que aposta nas mulheres" na liderança, salientando que "não há" nenhuma presidente executiva ou não executiva na banca nacional.
O ministro disse ainda acreditar que o BPF possa "fazer face à subcapitalização crónica" das empresas portuguesas, bem como "colmatar as carências de capital e quase-capital".
"Um dos óbices que dificulta o desenvolvimento ainda maior da economia portuguesa tem a ver com o paradigma de financiamento das empresas portuguesas", considerou.
Segundo António Costa Silva, as empresas nacionais "recorrem ao crédito bancário, ficam endividadas e ficam asfixiadas nessa bolha".
A banca comercial "financia projetos a curto prazo, com retornos rápidos, e muitas vezes os projetos estruturantes que podem mudar a economia portuguesa não se configuram neste perfil", sendo o papel do Banco de Fomento contrariar esta tendência, concluiu.