Associação Europeia de Tripulantes de Cabine (mas não só) atenta à Ryanair em Portugal
05-04-2018 - 01:05
 • Ana Carrilho

Christoph Drescher diz que “estes três dias geraram um movimento que se está a tornar cada vez mais forte em toda a Europa”.

A greve de três dias realizada pelos tripulantes de cabine portugueses da Ryanair despertou a atenção “não apenas dos colegas europeus da companhia, mas de tripulantes de outras companhias, pilotos, políticos e operadores de transporte aéreo e de viagens”, frisa o secretário-geral da Associação Europeia de Tripulantes de Cabine (eurECCA).

Christoph Drescher esteve em Lisboa para participar na conferência de imprensa realizada pelo sindicato nacional de pessoal de voo e aviação civil (SNPVAC).

Ao lado de Luciana Passo, a presidente do sindicato português que convocou a greve que atingiu os 95% de adesão neste terceiro dia de paralisação, Christoph Drescher deixou claro que “estes três dias geraram um movimento que se está a tornar cada vez mais forte em toda a Europa”. Porque não é apenas em Portugal que a Ryanair ignora as leis do trabalho e os direitos dos trabalhadores. E comprometeu-se, enquanto dirigente da eurECCA, a tudo fazer, em Bruxelas, para que conseguir condições de trabalho iguais para todos os tripulantes, no respeito dos direitos e leis nacionais.

Nos próximos dias, vários sindicatos europeus, nomeadamente de Espanha, França, Holanda, Itália e Bélgica, além do SNPVAC, de Portugal, vão reunir-se para tentar concertar ações que levem a Ryanair a mudar de atitude.

O secretário-geral da Associação Europeia de Tripulantes de Cabine admite que a companhia aérea irlandesa de baixo custo está lentamente a mudar a sua atitude em relação aos sindicatos. “Mas depois e de facto, nas negociações, quer impor as suas regras e as suas posições”. O que para Christoph Drescher, é inaceitável.

Além disso, a Ryanair recusa-se a negociar com sindicatos que não têm na sua direção trabalhadores da companhia, como acontece com o SNPVAC. O que para Luciana Passo também não é admissível. Aliás, a presidente e vários dirigentes do sindicato argumentam que só não há elementos da Ryanair na direção porque na altura das eleições os associados eram muito poucos. Situação que, entretanto, já se alterou.