Trata-se de um percurso que liga a cidade de Salamanca a Santiago de Compostela e passa em grande parte pelo interior de Portugal. São mais de 24 dias de viagem e quase 600 km de trajeto, caracterizado pela sua deslumbrante paisagem, repleta de pontos de interesse para o culto a Santiago.
O Caminho de Torres passa por sítios classificados como Património Mundial e por Centros Históricos de grande valor histórico-cultural e de interesse turístico.
Está a ser alvo de um investimento global de um milhão de euros, cofinanciado a 85% pelo Programa Operacional Regional do Norte (Norte 2020), através do FEDER (Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional) e junta cinco Comunidades Intermunicipais num mesmo objetivo: requalificar e valorizar o Caminho de Torres de forma a receber cada vez mais peregrinos.
O projeto, que começou a ser desenvolvido em 2017, denominado “Valorização Cultural e Turística do Caminho de Santiago – Caminho de Torres”, junta a Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa, entidade líder, em parceria com as Comunidades Intermunicipais do Alto Minho, do Ave, do Cávado e do Douro.
O Caminho de Torres adota o nome do célebre peregrino Diego de Torres Villarroel (1694-1770), é um dos quatro itinerários jacobeus estruturados em Portugal (caminho da Costa, caminho do Interior, caminho Central, caminho de Torres) e atravessa três concelhos da região Centro e 15 da região Norte.
Cerificação a caminho
Segundo as entidades promotoras, “o objetivo do projeto é o reconhecimento nacional e internacional do Caminho de Torres, que vai permitir aumentar o número de visitantes nos sítios e atrações culturais ou naturais associados ao Caminho de Torres, bem como contribuir para a valorização da identidade cultural das regiões envolvidas no projeto”.
Para já, o projeto estabeleceu uma área de intervenção de 234 quilómetros, entre Ponte do Abade (Sernancelhe) e a ponte internacional sobre o rio Minho (Valença do Minho), correspondente à extensão do território de influência das cinco Comunidades Intermunicipais parceiras, onde foi instalada sinalética padronizada de acordo com as normas internacionais do Plano Xacobeo, áreas de descanso e painéis informativos ao longo do caminho.
Ao longo deste projeto, foram produzidos diversos materiais de informação sobre o Caminho de Torres, desde guias, mapas, brochuras, um livro em português, inglês e castelhano. Está em desenvolvimento um website e uma aplicação mobile, para além de um conjunto alargado de merchandising dirigido aos peregrinos, grupo-alvo de todo o projeto e razão de existência deste caminho e do investimento público agora realizado.
Também está a ser realizado o processo de certificação do Caminho de Torres, isto é, a elaboração de um dossier com todos os requerimentos necessários para apresentar a candidatura ao processo de certificação do itinerário Caminhos de Santiago (de acordo com o Decreto-Lei 51/2019, de 17 de abril, ajustado pelo Decreto-Lei 17/2021, de 3 de março).
Um congresso para divulgar o Caminho
O Caminho de Torres, que liga Salamanca a Santiago de Compostela, foi estruturado em 24 etapas que podem ser percorridas em 24 dias de caminhada.
“Uma excelente oportunidade para ultrapassar limites, ao mesmo tempo que o caminhante mergulha na natureza, em plena introspeção. O Caminho de Torres junta localidades importantes para o imaginário medieval jacobeu como Lamego, Amarante, Guimarães, Braga e Ponte de Lima”, indicam os promotores do caminho.
Como forma de potenciar e divulgar o caminho está agendado para os dias 17 e 18 de junho o “I Congresso Internacional do Caminho de Santiago - Caminho de Torres”, no Centro Cultural de Amarante. Uma iniciativa que vai contar com especialistas do caminho nacionais e internacionais e que vai ter poder ser acompanhado em formato “online”.
“Este congresso pretende ser um momento de alargada discussão e reflexão, de carácter multidisciplinar, dedicado aos Caminhos de Santiago em Portugal e, em particular, ao Caminho de Torres”, explica a organização.
Neste contexto, acrescentam os promotores, vai debater “o papel do património enquanto oportunidade na definição de uma estratégia territorial, bem como a gestão regional e inter-regional de bens patrimoniais, tomando como exemplo a experiência associativa destas cinco Comunidades Intermunicipais em torno do Caminho de Torres”.
Já em julho, o Caminho de Torres será apresentado em Salamanca e em Santiago de Compostela, também em sessões em formato híbrido.
Toda a estratégia promocional está a ser articulada a nível regional e nacional com as entidades que promovem os Caminhos de Santiago, nomeadamente a Turismo do Porto e Norte de Portugal e o Turismo de Portugal.
O Caminho de Torres integra quatro sítios classificados como Património Mundial da Humanidade, centros históricos, património único e uma natureza exuberante.