O arcebispo da Diocese Maronita de Tiro alerta para a profunda crise que se vive no Líbano e que está a afetar de forma brutal o dia-a-dia das populações.
Em mensagem enviada à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), D. Charbel Abdallah refere que “as pessoas têm muitas necessidades, precisam de tudo, de alimentos, de eletricidade, de medicamentos, de leite… precisam de ajuda a todos os níveis. Precisam de pão para continuar a viver”.
Face a tantas necessidades, o arcebispo dirigiu-se à Fundação AIS, na Alemanha, pedindo apoio para as famílias mais necessitadas.
A resposta, rápida, permitiu lançar de imediato uma operação que envolveu duas dezenas de paróquias e a aquisição de mais de quatro mil cabazes de ajuda de emergência.
“Felizmente, responderam generosa e rapidamente, enviando-nos ajuda financeira para adquirirmos cabazes alimentares”, diz o prelado, explicando que “fizeram mesmo um plano para a ajuda alimentar em quatro fases, sendo distribuídos 1.150 cabazes por fase por todas as paróquias da nossa diocese”.
O arcebispo da Diocese Maronita de Tiro, diz que os cristãos libaneses, “que têm uma fé muito viva”, estão “muito felizes por ver que a Igreja, quer no Líbano quer na Alemanha [sede internacional da Fundação AIS], é muito solidária com eles”.
D. Charbel Abdallah recorda que há quase dois anos que vivem “uma crise económica terrível” e sublinha que a ajuda vai permitir que as famílias, que estavam em maior necessidade, “possam continuar a viver com dignidade”.
Têm sido muitos os alertas oriundos da Igreja libanesa face ao desmoronamento do país que enfrenta, talvez, a crise mais severa da sua história.
Já em novembro do ano passado, o patriarca dos católicos sírios, D. Ignatius José III Younan, também em declarações também à Fundação AIS, dizia que o Ocidente não pode mais ignorar esta situação, sob pena de se estar a assistir a algo sem retorno, com consequências ao nível da própria presença cristã nesta região do globo.
De facto, muitos cristãos têm decidido fazer as malas pois receiam, face à degradação da condição económica, com uma inflação galopante, não poder garantir um ambiente de liberdade religiosa nem uma vida digna para as suas famílias. A situação degradou-se de tal forma que, hoje em dia, calcula-se que cerca de metade da população libanesa vive já abaixo da chamada linha de pobreza. “Não podemos convencê-los a ficar”, disse na altura o patriarca à AIS.
A crise no Líbano acentuou-se com a brutal explosão acidental no porto de Beirute no dia 4 de agosto do ano passado. Uma explosão que provocou mais de 200 mortos, cerca de 6.500 feridos, e a destruição quase por completo de centenas de habitações, muitas delas pertencentes a cristãos.