Vacina AstraZeneca. Marta Temido espera que seja retomada a "curto prazo"
16-03-2021 - 19:01
 • Ana Carrilho

Falando em representação da presidência portuguesa da UE, a ministra da Saúde insistiu que a decisão de alguns Estados-membros foi tomada a título temporário para ganhar o tempo necessário para a Agência Europeia do Medicamento fazer a análise considerada "fundamental" para dissipar dúvidas.

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A presidência portuguesa da União Europeia e a Comissão esperam que todos os estados membros retomem a administração da vacina da AstraZeneca "a curto prazo".

Foi esta a posição assumida em conferência de imprensa pela comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides, e pela ministra Marta Temido, no final do Conselho de Ministros informal da Saúde.

“Todos os Estados-membros que optaram por fazer esta suspensão temporária e provisória referiram a sua preocupação em conhecer os resultados da avaliação em curso [pela Agência Europeia do Medicamento – EMA], que terminará na quinta-feira, e o seu interesse em alinhar posições com a decisão que resulte desses estudos”, declarou a ministra portuguesa da Saúde, Marta Temido.

Falando em representação da presidência portuguesa na conferência de imprensa após a reunião virtual dos ministros de Saúde da UE, Marta Temido apontou que os países que optaram por esta interrupção do uso da vacina da AstraZeneca “sublinharam ter-se tratado de uma suspensão provisória […] em resultado de casos de vários países, que os peritos europeus e nacionais estão a analisar cuidadosamente”.

“Esperamos que se retome a curto prazo”, adiantou a governante portuguesa, dizendo também esperar que a suspensão seja de “apenas alguns dias”.

Esta posição surge depois de nas últimas horas vários países europeus, incluindo Portugal, terem decidido por precaução suspender a administração desta vacina após relatos de aparecimento de coágulos sanguíneos e da morte de pessoas inoculadas com esta vacina.

Marta Temido insistiu que essa decisão de alguns Estados-membros foi tomada para “ganhar o tempo necessário para a EMA fazer a análise, que eles consideraram fundamental, sobre dúvidas que tinham”.

Em plena sintonia, a comissária europeia e a ministra portuguesa sublinharam a confiança em relação à EMA de defenderam que a melhor maneira de manter a confiança dos cidadãos é transmitir, coim transparência, todos os dados que estão a ser dados neste processo novo e que se desenvolve muito rapidamente.

Quatro milhões de doses para Portugal no segundo trimestre

Esta terça-feira, a Comissária da Saúde e Segurança Alimentar reiterou a posição da Comissão de que os países devem usar todas as doses disponíveis para vacinar a sua população e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou que a Pfizer vai entregar mais dez milhões de vacinas no segundo trimestre, elevando o total para 400 milhões.

Desse total, Marta Temido reafirmou que Portugal deverá receber 1,3 milhões de vacinas no primeiro trimestre e disse esperar a entrega de quatro milhões.

No encontro foi ainda abordada a questão do desconfinamento e a necessidade de adoção de regras comuns entre os estados membros.

Stella Kyriakides revelou que a Comissão vai propor esta quarta-feira um alívio das restrições, com um plano seguro, coordenado e sustentável.

E acrescentou ser “muito importante que os cidadãos entendam que, em assuntos relacionados com segurança, [a UE] seguirá a indicação da EMA”.

Esta tarde, a diretora executiva da EMA disse que os problemas relacionados com a vacina da AstraZeneca contra a Covid-19 “não são inesperados”, dada a vacinação de milhões de pessoas, e atingem “um pequeno número” de vacinados.

“Uma situação como esta não é inesperada. Quando se vacinam milhões de pessoas, é inevitável que ocorram incidentes raros ou graves após a vacinação e o nosso papel [do regulador europeu] é o de avaliar que todos os efeitos secundários são rapidamente investigados, se estão realmente ligados à vacina ou se são coincidência”, declarou Emer Cooke.

Falando em videoconferência para a imprensa em Bruxelas, a responsável frisou também que “não há evidências de que foi a vacinação [com o fármaco da AstraZeneca] que causou estas situações”, além de que os efeitos secundários apenas se verificaram “num número pequeno de pessoas que receberam a vacina”.

Na quinta-feira passada, a EMA indicou que não existem provas de um aumento de risco de coagulação sanguínea em pessoas vacinadas com este fármaco contra a Covid-19 e já na segunda-feira o regulador europeu defendeu que “os benefícios” da vacina da AstraZeneca contra a Covid-19 “superam os riscos de efeitos secundários”.