BE quer discutir alianças para as autárquicas depois de "mau resultado" nas europeias
23-06-2024 - 12:44
 • Lusa

Mariana Mortágua assumiu que o BE teve "um mau resultado" nas europeias, nas quais "perdeu votos, perdeu percentagem e perdeu um mandato", sendo esta a "sequência de uma perda eleitoral" que o partido não foi capaz de reverter.

A coordenadora de BE assumiu este domingo o "mau resultado" nas europeias e anunciou uma Conferência Nacional para discutir o papel do partido no atual ciclo político. Mariana Mortágua quer também debater a política de alianças para as autárquicas do próximo ano, numa altura em que o Livre quer conversar sobre o mesmo assunto com a restante esquerda.

Numa conferência de imprensa para apresentar os resultados da Mesa Nacional da véspera, Mariana Mortágua assumiu que o BE teve "um mau resultado" nas últimas eleições europeias, nas quais "perdeu votos, perdeu percentagem e perdeu um mandato", sendo esta a "sequência de uma perda eleitoral" que o partido não foi capaz de reverter.

Comprometendo-se a trabalhar para "reverter este ciclo político", a coordenadora do BE anunciou que foi decidido "abrir um debate alargado, dentro e fora do partido sobre a afirmação do Bloco de Esquerda como uma esquerda moderna, unitária".

"Um primeiro passo nesse processo é uma Conferência Nacional que a Mesa Nacional convoca para o ultimo trimestre de 2024", antecipou, referindo que este momento será de "participação aberta" aos militantes. O objetivo dos bloquistas é que se faça um "debate muito alargado sobre o papel do Bloco de Esquerda no presente ciclo político, nacional e internacional".

"Queremos que essa conferência sirva também para fazer um debate sobre as responsabilidades da esquerda perante um ciclo autárquico que se abre agora e em particular para discutir a política de alianças do BE nas eleições autárquicas", acrescentou.

Este domingo, o Livre, liderado por Rui Tavares, anunciou que pediu na sexta-feira reuniões com as lideranças do PS, Bloco de Esquerda, PCP e PAN para analisar a situação política atual, na sequência das últimas eleições para o Parlamento Europeu, e pensar já nas autárquicas. Para o partido, é "imprescindível que o diálogo entre forças progressistas e de esquerda ocorra numa altura de grandes desafios para a democracia nacional e europeia" como os que se estão a enfrentar.

Já a proposta da direção do BE, segundo Mortágua, é que se "debatam as condições para convergências à esquerda que se possam traduzir em projetos verdadeiramente transformadores no território", dando como exemplo "a possibilidade de convergências mais alargadas para derrotar executivos de direita em sítios chave do país como em Lisboa", referiu.

Livre: convite aceite

Questionada diretamente sobre o convite do Livre, a líder bloquista mostrou total disponibilidade. "Aliás, vem na sequência de um primeiro movimento que fizemos a seguir às legislativas de debate com diferentes partidos do campo ecologista, à esquerda e que queremos ir aprofundando ao longo do tempo e isso quer dizer diálogo", acrescentou.

Este deve ser um "diálogo interno e externo, com outros partidos, mas também com a sociedade civil, também com movimentos de cidadãos", defendeu Mortágua.

A seguir às últimas eleições legislativas, realizadas a 10 de março, o Bloco de Esquerda tinha promovido uma iniciativa semelhante a esta agora do Livre, pedindo reuniões ao PS, PCP, Livre e PAN para analisar os resultados das eleições que "mudaram a face política do país" e debater convergências "na oposição ao Governo da direita" e na construção de uma alternativa.

Resposta à oposição interna: convenção não será antecipada

Depois da sugestão de antecipar a Convenção Nacional deixada pelo ex-deputado Carlos Matias na Rádio Observador, e questionada sobre as críticas da oposição interna à derrota eleitoral nas europeias, Mariana Mortágua respondeu que a próxima Convenção Nacional do partido será no "próximo ano, de forma regular e ordinária", recusando assim uma antecipação.

"O Bloco de Esquerda teve uma Convenção há pouco tempo, teve duas moções em debate, uma saiu minoritária, como sabem, e agora apresentou esta resolução e que faz parte do debate interno, temos diferentes posições sobre diferentes assuntos, em particular sobre as questões de política internacional", começou por responder. Segundo a coordenadora do partido, os bloquistas definem a sua "linha política na Convenção" que vai acontecer no "próximo ano, de forma regular e ordinária".

"Não me parece é que até essa Convenção o Bloco não tenha que fazer um trabalho de reflexão, de debate interno e externo", acrescentou, adiantando que esta reunião magna ordinária acontecerá "algures entre o primeiro e o segundo semestre", mais provavelmente "no final do primeiro semestre".

O objetivo do BE, de acordo com Mortágua, é aproveitar esse tempo até à próxima convenção do partido "para fazer um debate sobre o Bloco, sobre como a esquerda se deve posicionar, como é que deve fazer diálogos internacionais e como é que se deve posicionar perante as eleições autárquicas"