O presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque, comparou esta quarta-feira a proposta do PS para formar uma coligação governativa com JPP, IL, PAN e BE a uma noiva feia abandonada à porta da igreja.
"Isso faz lembrar aquelas noivas feiinhas que ficaram à porta da igreja sem nenhum noivo. Ninguém quer a noiva. Toda a gente rejeitou", disse o chefe do executivo social-democrata minoritário.
Miguel Albuquerque falava à margem de uma visita ao Arquivo e Biblioteca da Madeira, no Funchal, onde foi apresentado o projeto de ampliação da infraestrutura, que deverá custar entre 25 e 30 milhões de euros, cofinanciado por fundos comunitários.
O PS/Madeira, o maior partido da oposição regional, confirmou hoje que o líder Paulo Cafôfo endereçou convites ao JPP, IL, PAN e BE para criar uma solução governativa para a região, mas estes consideraram a solução "extemporânea".
"Isso, de facto, demonstra uma situação de grande inabilidade política, mas também não sou eu que chefio esse partido", disse Miguel Albuquerque.
O chefe do executivo insular reagiu também aos novos cartazes de grandes dimensões do PS/Madeira, que consistem numa fotomontagem com a sua imagem, sentado numa praia de areia, com um copo na mão e um grande sorriso, numa alusão ao facto de ter regressado às férias no Porto Santo durante o incêndio de agosto, com a inscrição "Isto tem de acabar. Vamilhá [termo regional que significa "vamos lá"], Madeira!".
"Eu acho que são cartazes na linha daquilo que têm sido as propostas dos partidos mais populistas e mais radicais, mas eu não levo a sério muito desta situação", disse, acrescentando: "O que levo a sério é o que está subjacente a esses cartazes, que é uma situação de irresponsabilidade e, sobretudo, de levar a Madeira, através dessa mesma irresponsabilidade, para uma situação que vai prejudicar a população e setores mais vulneráveis da nossa sociedade".
Miguel Albuquerque referia-se ao chumbo na segunda-feira do Orçamento da Madeira para 2025 e enumerou algumas medidas que, por consequência, ficarão sem efeito, como as progressões e atualização salarial dos funcionários públicos e a atualização do subsídio de insularidade.
"Isso é que tem de preocupar as pessoas, não é a questão dos cartazes. Isso é uma questão de somenos importância", disse, para logo reforçar: "É importante apenas na perspetiva que começámos a ter de um Partido Socialista que, neste momento, está a se radicalizar e a entrar nesta senda que hoje se fala de forma recorrente, que é o populismo barato e demagógico".
Considerando que "toda a gente na Madeira" vai ficar prejudicada com o chumbo do Orçamento, o chefe do executivo insular reconheceu que a moção de censura ao Governo Regional apresentada pelo Chega, com discussão e votação no dia 17 dezembro, deverá ser aprovada.
"Eu não vivo de esperanças, eu vivo da realidade", disse, sublinhando: "Eu tenho de estar preparado para todos os cenários, mas eu vivo da realidade. Depois do que aconteceu no Orçamento, há uma grande probabilidade de a moção de censura ser aprovada".
Albuquerque reiterou, no entanto, que, em caso de eleições antecipadas, o eleitorado vai penalizar os partidos que tomaram decisões que "nada têm a ver com os interesses públicos" e que classifica de "irresponsáveis, fortuitas e caóticas".
As propostas de Orçamento e Plano de Investimentos para 2025 apresentadas pelo Governo da Madeira foram rejeitadas na segunda-feira, após discussão na generalidade, um chumbo que aconteceu pela primeira vez no parlamento regional.
As propostas mereceram os votos contra de PS, JPP, Chega, IL e PAN. PSD e CDS-PP, que têm um acordo parlamentar, insuficiente para garantir a maioria absoluta, foram os únicos a votar a favor.
O chumbo do Orçamento não implica a demissão do Governo, mas significa que a região será governada em regime de duodécimos em 2025 ou até que novos documentos sejam apresentados e aprovados.