Esta sexta-feira termina o prazo para as escolas abrirem portas para o novo ano letivo e o uso do telemóvel por parte dos alunos está, de novo, em discussão.
O Explicador Renascença descreve porque é que se voltou a discutir o uso destes dispositivos.
Porque é este assunto ganhou agora tanta força?
Ganhou força, essencialmente por dois motivos.
Por um lado, o Ministro da Educação, por mais do que uma vez, manifestou preocupação por ver as crianças sempre de telemóvel na mão quando estão em recinto escolar. Nestes últimos dias, João Costa tem sido questionado sobre o assunto, admitindo que o tema é complexo que não é adepto da proibição, preferindo que se promovam hábitos saudáveis.
E, por isso, pediu um parecer ao Conselho das Escolas, que deverá ser conhecido daqui a um mês, como a Renascença avançou esta tarde.
E qual o outro motivo?
O outro motivo prende-se com o apelo feito pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. A UNESCO, no seu relatório anual, pediu aos países que tomem medidas para que o uso de telemóveis nas escolas seja limitado às atividades curriculares, mas se esta integração não beneficiar a aprendizagem ou contribuir para perturbar as aulas, a UNESCO diz mesmo, que o telemóvel deve ser proibido. Aconselha, por isso, grande ponderação sobre o assunto.
Mas de uma coisa a Unesco não tem duvidas: O cyberbullying é a consequência negativa mais imediata do uso do telemóvel em recinto escolar, acrescentando que um estudo que reúne dados de 32 países mostra que, em média, pelo menos 20% dos estudantes do oitavo ano foi vítima de bullying digital.
Há o perigo de vício como se fosse uma droga?
Sim. Uma exposição por longos períodos pode ter consequências do foro físico e mental e esse é também um alerta feito pela UNESCO, que diz que as crianças entre os dois e os 17 anos mostram menor bem-estar físico e o pior é que os menores não se apercebem e muitas vezes acontece o mesmo com os pais , que já cresceram de smartphone na mão.
Para travar o uso do telemóvel nas escolas, em Portugal está em curso uma petição publica online, dirigida a Governo e Parlamento.
Intitula-se ”Viver o recreio escolar , sem ecrãs de smartphones” e já foram recolhidas quase 20 mil assinaturas.
Enquanto não há uma decisão a nível central, há escolas que já avançaram para a proibição do uso do telemóvel em recinto escolar.
A primeira foi a Escola Básica Antonio Alves Amorim, em Lourosa, no concelho de Santa Maria da Feira, em 2017.
Neste ano letivo, o telemóvel passa também a estar proibido nas escolas do primeiro ciclo, em Almeirim, no distrito de Santarém.