Papa Francisco: “Tenho grande vontade de visitar a China”
09-08-2024 - 16:05
 • Henrique Cunha

Numa entrevista à Província Chinesa da Companhia de Jesus, o Papa revela a sua grande admiração por “um grande povo”, marcado pelo “vírus da esperança”.

Uma "mensagem de esperança" e uma bênção para todo o povo chinês estão no centro da entrevista que o Papa Francisco concedeu, em 24 de maio, na Biblioteca da Residência Apostólica, no Vaticano, ao padre Pedro Chia, diretor do departamento de imprensa da Província Chinesa da Companhia de Jesus.

A entrevista agora divulgada foi registada pouco tempo antes da visita Ad Limina dos bispos portugueses a Roma, e inclui uma forte componente espiritual, sendo também pontuada pelas memórias pessoais do Papa e pelas suas reflexões sobre o futuro da Igreja.

Francisco não esconde o desejo de ir à China, em particular ao santuário de Sheshan, no distrito de Songjiang, dedicado a Nossa Senhora Auxiliadora dos Cristãos.

O Santo Padre diz que “gostaria de encontrar os bispos locais e "o povo de Deus que é tão fiel". "É um povo fiel. Experimentou muitas coisas e permaneceu fiel", acrescenta.

Aos jovens católicos chineses, em particular, o Papa reitera o conceito de esperança, embora admita que “até parece tautológico dar uma mensagem de esperança a um povo que é mestre de esperança" e "de paciência na espera". “Vocês têm o vírus da esperança, e isso é uma coisa muito bonita", sublinha. A China é "um grande povo" que "não deve desperdiçar a sua herança”, e “deve levar adiante com paciência a sua herança".

Francisco é também questionado sobre os seus grandes desafios e recorda em particular "o enorme desafio" da pandemia de covid-19, bem como "o desafio atual" da guerra, especialmente na Ucrânia, em Myanmar e no Oriente Médio. E sobre as guerras diz que tenta “resolvê-las com o diálogo", "e quando isso não funciona, com paciência e também com o sentido de humor".

O Papa é ainda desafiado a olhar para o futuro da Igreja e lembra que, de acordo com alguns, ela será “cada vez menor”. Na opinião de Francisco, a Igreja deverá “ter cuidado para não cair na praga do clericalismo e da mundanidade espiritual", que, nas palavras do cardeal de Lubac citadas pelo Papa, são "o pior mal que pode atingir a Igreja, pior até do que o tempo dos papas concubinos".