A Grécia pediu esta terça-feira à União Europeia para "ativar o mecanismo de realojamento de migrantes em nome do princípio da solidariedade" para que outros Estados-membros possam acolher as cerca de 500 pessoas que desembarcaram nas últimas horas no país.
O anúncio foi feito pelo ministro das Migrações e Asilo grego, Notis Mitarachi, numa mensagem publicada na rede social Twitter, na qual adianta que os "cerca de 500 migrantes" foram recolhidos de uma embarcação à deriva no mar Mediterrâneo e já desembarcaram na ilha de Creta.
A questão do acolhimento e distribuição de migrantes, sobretudo dos que fazem a rota do Mediterrâneo para chegar à Europa, é precisamente o tema que vai reunir os ministros do Interior dos 27 Estados-membros na sexta-feira, em Bruxelas, na sequência de um episódio que causou fricção entre Itália e França.
Os cerca de 500 migrantes que chegaram hoje à Grécia foram recolhidos pela guarda costeira grega, que recebeu um apelo de ajuda durante a madrugada.
Segundo a televisão pública grega ERT, os migrantes vêm da Síria e do Egito, sendo que o grupo inclui cerca de uma centena de crianças, que foram retiradas da embarcação em primeiro lugar.
Fotografias tiradas quando a embarcação atracou no cais grego, que foram divulgadas posteriormente, mostraram centenas de pessoas no convés de um barco muito velho e enferrujado com cerca de 20 metros de comprimento.
A questão das migrações é um ponto de discórdia entre os Estados-membros da União Europeia (UE), divididos sobre os mecanismos de solidariedade a serem adotados para aliviar a pressão dos chamados países da "linha da frente" ao nível das chegadas de migrantes irregulares à Europa, ou seja, Grécia, Espanha, Itália e Malta.
Os países da Europa central são hostis a qualquer realojamento de migrantes no seu território, enquanto os países costeiros exigem que as responsabilidades sejam divididas.
A Itália recusou recentemente receber o navio de resgate humanitário de migrantes 'Ocean Viking', que teve 234 pessoas a bordo durante quase três semanas, o que desencadeou uma crise diplomática com a França, que acabou por aceitar que os migrantes desembarcassem no seu território.
Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), já morreram, desde o início do ano, 360 migrantes que tentavam chegar a países da UE pelo Mediterrâneo.
O mar Mediterrâneo integra três grandes rotas migratórias: Mediterrâneo Oriental (da Turquia para a Grécia), Mediterrâneo Central (da Líbia para Itália e Malta) e Mediterrâneo Ocidental (de Marrocos para Espanha).