A permanência da obrigação da máscara nas salas de aula, quando a restrição está a cair em vários espaços fechados, como os bares e as discotecas, está a deixar os pais dos alunos confusos em relação aos critérios que sustentam esta decisão.
A expetativa da Confederação Nacional de Associações de Pais (Confap) era a de que o Governo, através da ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, anunciasse esta quinta-feira o fim da obrigatoriedade de uso da máscara dentro das salas de aula.
Jorge Ascensão, presidente da Confap, ressalva que quem sabe das condições para as medidas mais adequadas é a DGS, mas argumenta que os pais continuam sem entender “o levantamento de algumas restrições quando noutras situações semelhantes isso não acontece”. “Muitas vezes, não percebemos o que está na base”, lamenta.
Ascensão diz que, neste momento, havia a expetativa da possibilidade de deixar de utilizar a máscara até “pelas dificuldades que criam na comunicação e no diálogo”.
O líder associativo pede uma melhor explicação das medidas, “porque há situações como as discotecas e os bares em que isso não acontece, e muitos dos que frequentam as escolas também frequentam discotecas e bares”.
“Há alguma contradição nas medidas”, refere, ao mesmo tempo que lembra que a expetativa era de maior relaxamento nas medidas nas escolas, em linha com o que está a acontecer em muitos países da Europa.
Já Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, valoriza a queda do isolamento para os casos de contatos de risco, que assegura irá melhorar em muito o processo educativo, uma vez que favorecerá o ensino cara a cara.
“Teremos mais os alunos em regime presencial. Alguns alunos ficaram em casa por os pais terem testado positivo, por estarem em contato mais direto com um colega, e esta mudança vai beneficiar o processo educativo”, sinaliza.
A decisão, argumenta, terá consequências para o bem-estar emocional dos alunos, que assim “poderão estar em contato com os seus professores, olhos nos olhos, em contexto presencial”.
Isso terá repercussões positivas, segundo Filinto Lima, na “socialização e saúde mental” dos estudantes.
Por fim, o líder da FENPROF, Mário Nogueira, crê que a decisão do executivo é equilibrada “tendo em conta que é sustentada na opinião dos especialistas, porque esta é uma questão de saúde publica, claramente”.
“Os números têm vindo a baixar, mas se nos lembrarmos das vagas anteriores em que os números andavam nos 16/17 mil casos por dia, ainda estamos acima”, refere.
Por isso, Mário Nogueira acredita que o Governo faz bem “em ir aliviando regras, mas não o fazer com todas de uma só vez”.
Isto porque as salas de aula “não têm distanciamentos social, nunca houve, foi um problema que sempre se colocou”.
Já esta quinta-feira, e depois do anúncio do Governo, a Iniciativa Liberal criticou o Governo por, apesar do alívio das medidas devido à Covid-19, ter mantido obrigatório o uso das máscaras em espaços fechados, nomeadamente nas escolas, considerando que esta é "uma falha grave".
Para a Iniciativa Liberal, "é especialmente hipócrita a exibição diária de políticos em espaços fechados sem máscara quando continua a ser imposto via poder político este sacrifício às crianças e jovens num país com altíssima taxa de vacinação e já numa fase de transição para endemia".
Na reunião do Conselho de Ministros o executivo decidiu pelo alívio de várias medidas relacionadas com a pandemia, mas o uso da máscara continua a ser exigido nas mesmas circunstâncias que são exigidas atualmente.
Assim, o uso de máscara continua a ser obrigatório além das salas de aulas, nos transportes públicos e TVDE, nos espaços interiores públicos, nos recintos desportivos ainda que ao ar livre, entre outros.
A manutenção do uso de máscaras fazia parte das recomendações deixadas por especialistas na reunião do Infarmed de quarta-feira.
O uso de máscara na rua já não é obrigatório há vários meses, mas mantém-se a recomendação do seu uso em caso de grandes aglomerados.