As autoridades sanitárias moçambicanas registaram quase 900 novos casos de cólera e um óbito no norte do país em cerca de dez dias, indicam dados oficiais a que a Lusa teve hoje acesso.
De acordo com o mais recente boletim sobre a progressão da doença, elaborado pela Direção Nacional de Saúde Pública e com dados até 19 de março, estava contabilizado um acumulado de 14.274 casos de cólera desde 1 de outubro em Moçambique.
No boletim anterior, com dados até 8 de março, o acumulado era de 13.397 casos de cólera, que provocaram até então 30 mortos.
No mês de março há registo oficial de três mortos por cólera no país, segundo os mesmos dados.
A taxa de letalidade da doença em Moçambique mantém-se atualmente em 0,2%, mas o total de internados aumentou para 94.
A província mais afetada pela atual vaga deste surto de cólera é Nampula (norte), com um acumulado de 4.710 casos e 12 óbitos, seguida de Tete (noroeste), com 2.657 casos e dez óbitos, onde a prevalência da doença subiu para 0,4% em março.
Em declarações anteriores à Lusa, o chefe do Programa Alargado de Vacinação do Ministério da Saúde, Leonildo Nhampossa, avançou que foram vacinadas contra a cólera, em quatro províncias, entre 08 e 12 de janeiro, 2.268.548 pessoas, com mais de 1 ano de idade.
O grupo-alvo desta operação de vacinação era de 2.271.136 pessoas, correspondente à população que vive nas áreas mais vulneráveis e de foco para o atual surto, referiu anteriormente o Ministério da Saúde.
A cólera é uma doença, tratável, que provoca fortes diarreias e que pode provocar a morte por desidratação se não for prontamente combatida.
A doença é causada, em grande parte, pela ingestão de alimentos e água contaminados por falta de redes de saneamento.
Em maio passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que o mundo terá um défice de vacinas contra a cólera até 2025 e que mil milhões de pessoas de 43 países podem ser infetadas com a doença, apontando, já em outubro, Moçambique como um dos países de maior risco.