Cerca de 70% dos trabalhadores da saúde no mundo são mulheres, mas apenas 25% desempenham funções de liderança, alertou esta segunda-feira o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), que destacou o seu “papel excecional” no combate à pandemia.
“Cerca de 70% de todos os trabalhadores da saúde global são mulheres e têm feito um papel excecional a salvar vidas. Apesar de serem a maioria da força global de saúde, as mulheres apenas detêm 25% da liderança do setor”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Esta conferência de imprensa virtual, que também serviu para assinalar o Dia Internacional da Mulher, contou com a participação de Sarah Gilbert, da Universidade de Oxford, e de Özlem Türeci, cofundadora e diretora médica da BioNTech, envolvidas no desenvolvimento das vacinas da AstraZeneca e da Pfizer contra a covid-19.
Tedros Adhanom Ghebreyesus adiantou que a OMS pretende, através de uma iniciativa lançada recentemente, aumentar a proporção de mulheres com posições de liderança no setor da saúde a nível global, promovendo a criação de condições de trabalho equitativas entre homens e mulheres.
Sarah Gilbert salientou que dois terços da equipa que trabalha no desenvolvimento de vacinas na Universidade de Oxford são mulheres, mas salientou que continuam, no geral, a ser “sub-representadas nos conselhos das empresas”.
“A preocupação da pandemia afetou mais a carreira das mulheres do que a dos homens”, adiantou a investigadora.
Para a imunologista Özlem Türeci, diretora médica da BioNTech, a crise provocada pela pandemia da covid-19 “exacerbou os desafios que as mulheres enfrentam”, que assumiram funções da “linha da frente” ao nível dos cuidados de saúde, mas também como criadoras de vacinas e mobilizadoras de comunidades.
Segundo disse, 54% da força de trabalho da BioNTech é composta por mulheres e, desse universo, 44% estão em posição de liderança.
“Essa igualdade de género foi fundamental para ser possível o que era impossível: o desenvolvimento de uma vacina em 11 meses”, assegurou.
De acordo com a médica Roopa Dhatt, diretora executiva do projeto internacional Women in Global Health, a pandemia da covid-19 demonstrou que “85% da força de trabalho contra a covid-19 tem homens na liderança” a nível global.
“O trabalho extraordinário das mulheres durante a pandemia não lhes deu o direito de ter uma representação equitativa no processo de decisão”, lamentou Roopa Dhatt, ao defender um “novo contrato social para mulheres no setor na saúde e no setor social, para garantir condições de trabalho seguro e digno”.