O enviado especial da Missão das Nações Unidas no Sudão, Volker Perthes, "condenou veementemente o início dos combates no Sudão" e pediu "a cessação imediata" das hostilidades entre o Exército e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF).
"O representante Perthes falou com ambas as partes para solicitar que cessem imediatamente os combates e garantam a segurança do povo sudanês e evitem que o país sofra mais violência", disse o enviado da Organização das Nações Unidas (ONU) num breve comunicado.
Perthes também expressou a sua "forte condenação" dos confrontos que eclodiram na manhã de hoje entre as Forças Armadas Sudanesas e as RSF, que estão a ocorrer "em muitos pontos da capital, Cartum, e noutras áreas".
Em visita ao Vietname, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse por seu lado, que embora a situação no Sudão seja "frágil", ainda há "uma oportunidade real para lutar por uma transição para um governo civil".
"Existem alguns atores a travar esse progresso, mas esta é uma oportunidade real de lutar por uma transição para um governo civil. Estamos muito focados nisso", disse Blinken em conferência de imprensa em Hanói hoje, quando questionado sobre a situação no Sudão.
A Força Aérea Sudanesa começou este sábado a bombardear as posições do grupo paramilitar na tentativa de repelir uma agressão iniciada hoje manhã depois de as RSF acusarem o Exército Sudanês de atacar dois dos seus quartéis-generais.
As RSF indicaram terem assumido ou controlado o Palácio Presidencial, bem como o aeroporto internacional do Cartum, o maior do Sudão, informação que as Forças Armadas desmentiram.
O Exército indicou em comunicado que os bombardeamentos destruíram o acampamento de Soba, local onde ocorreu um "ataque brutal" este sábado de manhã, segundo as RSF, e que desencadeou os combates subsequentes.
Estes confrontos surgem dois dias depois de o Exército ter sido alertado de que o país atravessa uma "situação perigosa" que pode conduzir a um conflito armado, depois de unidades das RSF "se mobilizarem" na capital sudanesa e noutras cidades sem o consentimento ou coordenação das Forças Armadas.
Essa mobilização ocorreu durante negociações para se chegar a um acordo político definitivo que se concretizou com o golpe de 2021 e levou o Sudão a uma transição democrática, um pacto adiado duas vezes em abril justamente por causa das tensões e rivalidades entre os dois Exército e as RSF.
As RSF surgirão das milícias Yanyawid, acusadas de crimes contra a humanidade durante o conflito em Darfur (2003-2008) e são lideradas por Mohamed Hamdan Dagalo, vulgarmente conhecido como Hemedti, considerado o homem mais poderoso de todo o Sudão.