Manuel Silva é um pescador português, natural da Póvoa de Varzim, que com outros 17 homens, maioritariamente de nacionalidade indonésia, se encontra há mais de 20 dias ancorado a bordo de uma embarcação ao largo do porto de Paita, o segundo maior do Peru, sem autorização das autoridades peruanas para desembarcar em virtude da pandemia de Covid-19.
Na segunda-feira, e já depois de o relato do pescador português ter chegado às redes sociais num vídeo gravado no interior do barco, o filho de Manuel Silva denunciou às autoridades portuguesas, nomeadamente o Ministério dos Negócios Estrangeiros, a situação vivida na embarcação, alertando que os mantimentos e o combustível vão terminar em breve.
À Renascença, a secretária de Estado das Comunidades, Berta Nunes, garante que o Governo está a fazer todos os esforços para resolver a situação e assegurar o reabastecimento da embarcação já nas próximas 24 horas.
“Nós só tivemos esta informação ontem, através do filho [de Manuel Silva], que contactou os nossos serviços do Gabinete de Emergência Consular. De imediato informamos a nossa Embaixada no Peru, que já ontem conseguiu falar com o cidadão português. Ele estava bem, mas preocupado porque estavam a acabar os alimentos e o combustível”, explicou a secretária de Estado.
Berta Nunes adianta também que foram, entretanto, contactadas quer as autoridades peruanas, quer as embaixadas dos outros países da restante tripulação, para se encontrar uma solução conjunta para o impasse e para o regresso, “o mais rapidamente possível”, do pescador a Portugal.
“Já fizemos contacto com o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Peru e continuamos em contacto de forma a podermos não só resolver o problema de imediato, ou seja, o abastecimento em termos de alimentos e combustível, mas também resolvermos logo que possível a situação em que o barco está, porque não o deixam atracar. Vamos ver quando é que poderá atracar e o português certamente será apoiado para voltar a Portugal, seja pela nossa Embaixada, seja pela empresa, que aparentemente não estará nas melhores condições. Mas se a empresa não conseguir resolver esse problema de imediato, nós temos meios para o fazer”, assegura Berta Nunes.
A secretária de Estado das Comunidades promete que a situação vai ser “normalizada” até quarta-feira. “Não deixaremos que se passem dois ou três ou quatro dias, uma vez que a situação parece ser de facto bastante urgente. Numa primeira fase, as Embaixadas não tinham conhecimento de nada, nem o Ministério dos Negócios Estrangeiros. Neste momento toda a gente está a trabalhar para resolver a situação.”