Há uma oportunidade de entrar a tempo no novo ciclo económico, um ciclo de criação de riqueza que Portugal não pode perder, alertou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no seu discurso na cerimónia de 5 de outubro.
“Desta vez, falhar a entrada a tempo é perder uma oportunidade que pode não voltar”, disse Marcelo nos Paços do Concelho da Câmara Municipal de Lisboa, onde como é tradição se assinalou o aniversário da República.
O Presidente da República centrou o seu discurso na necessidade de “fazer do 5 de outubro uma data viva”. E fazer do aniversário da República uma “data viva” é, para Marcelo, tornar Portugal um país mais inclusivo. “O Portugal que somos”, uma expressão que o PR foi usando várias vezes ao longo do discurso de oito minutos e meio, não será capaz de vencer os desafios que tem pela frente.
“O Portugal que somos nunca vencerá os desafios da entrada a tempo no novo ciclo económico e da multiplicação do conhecimento com dois milhões de pobres e alguns mais em risco de pobreza”, disse o Presidente, salientando que a pobreza afasta pessoas e regiões e não foi vencida nem sequer diminuída mesmo em décadas de crescimento económico.
“O Portugal que somos nunca vencerá os desafios da economia e do conhecimento se não soubermos assumir, sem traumas nem complexos se não soubermos assumir que a nossa identidade nacional é feita da valorização dos nossos emigrantes espalhados pelo mundo e pelos imigrantes”, continuou Marcelo, lembrando que a identidade nacional “é feita de raças, religiões, práticas com direito à não discriminação”. Esses emigrantes e imigrantes “dão projeção universal e natalidade” a Portugal.
É preciso, disse Marcelo, que “Portugal por uma vez entre a tempo – isto é nos primeiros e não no meio e menos ainda nos últimos – no novo ciclo económico, do clima, energia, digital, ciência e renovado tecido produtivo”. Para isso, é preciso apoiar o que Portugal tem de bom em termos de ciência, energia e indústrias criativas.
Ainda que sem nomear o Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), Marcelo referiu-se aos “meios de financiamento adicionais” que Portugal vai dispor e que têm de ser “usados com rigor, eficácia e transparência”, como tem insistido em vários discursos, entre os quais o do Dia de Portugal.
“É tempo de enterrarmos a maldição de termos perdido o melhor mercantilismo, a revolução industrial, de termos perdido tempo e modo com décadas de ditadura e condicionamento industrial”, disse o Presidente, para quem também é preciso ultrapassar crises económicas que têm marcado os anos da democracia
“Demos tantas vezes passos importantes, mas ainda assim acabamos por ficar para trás do que podíamos ser e do que outros são”, lamentou o Presidente, que quis terminar com a sua tradicional nota de otimismo.
“Temos os melhores, mas precisamos de muitos mais” para construir “um Portugal inclusivo e, por isso, mais justo, mais rico, mais conhecedor e mais qualificado”.
Logo no início, Marcelo fez questão de lembrar Jorge Sampaio, o ex-Presidente da Câmara e da República, que faleceu no mês passado. E de “agradecer em termos nacionais” a Fernando Medina, o presidente cessante, e deixar desejos de felicidades “também em termos nacionais” ao presidente eleito, Carlos Moedas.
[Notícia atualizada às 12h05]