De visita a Lisboa, o primeiro-ministro italiano G. Conte e o primeiro-ministro A. Costa salientaram que o agravamento das previsões económicas da Comissão Europeia impõe um acordo sobre a ajuda da UE e o orçamento plurianual no próximo Conselho Europeu, a 17 e 18 deste mês. O mesmo foi dito por Pedro Sanchez, que depois recebeu G. Conte em Madrid.
Seria ótimo que tal acontecesse. Teríamos ao menos um resultado positivo, a somar aos inúmeros resultados negativos, da deterioração da situação económica e social na UE.
Portugal é um exemplo dessa deterioração. Independentemente das falhas, erros e omissões na política nacional de combate à pandemia (matéria sobre a qual não tenho competência para falar), é manifesto que o prolongar da crise pandémica liquidou as esperanças de uma recuperação económica já no corrente ano.
No caso português, e também no caso italiano e no espanhol, é evidente que o adiamento do regresso de turistas estrangeiros provocou um dano económico enorme. É um verão perdido. De um momento para o outro, desapareceram do país milhões de turistas. E vai levar tempo até que eles voltem em escala significativa. Terá de ser recriado um ambiente internacional de confiança, o que depende da evolução da pandemia.
O clima de receio de viajar é compreensível. É mesmo mais importante do que os obstáculos que o Reino Unido e outros países europeus colocam á vinda para Portugal de turistas.
Ora o turismo representava perto de 15% do PIB português. E contribuía fortemente para o equilíbrio das nossa contas externas.
Mas, embora particularmente relevante nesta altura no nosso país, o turismo está longe de ser a única causa da revisão em baixa das previsões económicas da Comissão Europeia. O investimento empresarial é adiado, à espera que existam eventuais compradores. Por isso foi cancelada – ou suspensa, se quisermos ser optimistas - uma fábrica em Estarreja.
Seria uma fábrica para a produção de componentes para um novo jipe, implicando um investimento de 300 milhões de euros e a criação de 500 empregos diretos. Afinal, o fabrico daqueles componentes será produzido em França, numa fábrica já existente.
Na crise da dívida soberana, há anos atrás, tivemos uma feliz surpresa na capacidade exportadora revelada por muitas empresas nacionais. Agora, estamos a precisar de outra surpresa.