O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos defende que a condenação à morte, por autoridades separatistas pró-Rússia, de combatentes estrangeiros que lutaram ao lado dos ucranianos constitui "crime de guerra".
“Desde 2015, observamos que o chamado sistema judicial dessas autoproclamadas repúblicas não cumpre as garantias essenciais de um julgamento justo. Tais julgamentos contra prisioneiros de guerra constituem um crime de guerra”, disse Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissariado, durante uma conferência de imprensa em Genebra.
Shamdasani sublinhou que em caso de sentença de morte, “as garantias de um julgamento justo são ainda mais importantes”.
A agência de notícias oficial russa TASS informou na quinta-feira que o Supremo Tribunal da República Popular de Donetsk condenou à morte “os britânicos Aiden Aslin e Shaun Pinner e o marroquino Brahim Saadoun, acusados de participarem em combates como mercenários”.
Os três homens foram aprisionados na região de Mariupol.
“Segundo o comandante chefe da Ucrânia, todos esses homens fazem parte das forças armadas ucranianas. Nesse caso, não deveriam ser considerados mercenários”, acrescentou a porta-voz.
A Rússia, que frequentemente denuncia a presença desses mercenários, afirmou nesta semana ter morto “centenas” de combatentes estrangeiros desde o início da invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro.
No início de março, logo após o início da invasão russa, o Presidente ucraniano disse que 16 mil estrangeiros se apresentaram como voluntários, um número não verificável de fontes independentes.
Em Londres, Boris Johnson manifestou-se “horrorizado” com as sentenças de morte. “O primeiro-ministro ficou horrorizado com as sentenças dadas a esses homens”, disse hoje um porta-voz de Downing Street.
A fonte oficial salientou que o líder conservador “está a acompanhar o caso de perto e pediu aos membros do seu governo que façam tudo o que estiver ao seu alcance para tentar reuni-los com as suas famílias o mais rapidamente possível”.
Os dois britânicos, de 28 e 48 anos respetivamente, viviam na Ucrânia quando a guerra eclodiu e foram detidos em abril pelas forças russas enquanto defendiam a cidade de Mariupol.
Ambos residiam na Ucrânia desde 2018 e Aslin tem dupla nacionalidade, enquanto Pinner se casou com uma ucraniana.