Foi publicado em Diário da República o valor a pagar aos médicos pelas horas extra: há uma majoração de 25% acima das 250 horas e quem fizer mais de 500 a subida é de 50%. A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) diz que isto prova que o Governo não está interessado em promover as carreiras, mas apenas resolve o problema das urgências.
À Renascença, João Proença refere que “isto é insustentável” e vai ter reflexos nos cuidados prestados, admitindo avançar para a greve.
“O Governo quer empurrar os médicos para trabalharem apenas para as urgências, destruindo as suas carreiras, a sua capacidade de resposta e a sua vida familiar. Porque estar a pagar acima de 250 e 500 horas extra, mostra mesmo que o objetivo deste Governo não é organizar serviços que deem resposta clara aos utentes que necessitam e dar uma vida de qualidade aos médicos que prestam esses cuidados”, acusa. “Isso reflete-se já neste momento na falta de qualidade dos cuidados prestados, bastando olhar em relação à mortalidade materna.”
Na sua opinião, “é um bocadinho vergonhoso o Governo promover as horas extraordinárias em vez de promover um trabalho durante 40 horas, que é a nossa proposta e um máximo de 12 horas de urgência”.
“Assim, vai-nos obrigar a fazer 100 horas por semana. Isto é insustentável. Vai criar uma indignação e espero que a crie para criar condições para que nós façamos uma grande movimentação política que provavelmente vai passar pela greve, porque isto é insustentável”, admite.
João Proença ainda espera que a ministra da Saúde possa “emendar a mão” na reunião agendada para 13 de julho com os sindicatos. Três dias depois a FNAM tem reunião de onde pode sair a marcação de uma greve.
A partir da próxima semana o portal do Serviço Nacional de Saúde vai disponibilizar informação sobre as urgências de ginecologia/ obstetrícia com limitações, para que as mulheres saibam onde se de devem dirigir em caso de necessidade.
O coordenador da Comissão, criada para resolver a crise das urgências, diz ao Jornal Público que a informação será inserida pelos hospitais numa plataforma que está a ser criada pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde.