Papa celebra missa com "250 pessoas", não com “questões sociais ou migratórias”
08-07-2019 - 12:01
 • Aura Miguel , Filipe d'Avillez

Francisco sublinhou a importância de ajudar os mais marginalizados e agradeceu aos próprios migrantes que já o fazem com os que entretanto vão chegando à Europa.

O Papa Francisco celebrou missa esta segunda-feira de manhã com 250 migrantes, na Basílica de São Pedro, em Roma.

A missa teve por objetivo assinalar o sexto aniversário da histórica visita de Francisco a Lampedusa, onde visitou migrantes e refugiados em centros de acolhimento, marcando assim de forma clara aquela que seria uma das grandes preocupações do seu pontificado.

Na missa desta segunda-feira Francisco descreveu os migrantes como “os últimos” no sentido evangélico de que “os últimos serão os primeiros”, como afirmou Cristo.

“Neste sexto aniversário da visita a Lampedusa, penso nos ‘últimos’ que diariamente clamam ao Senhor, pedindo para ser libertados dos males que os afligem.”

“São os últimos enganados e abandonados a morrer no deserto; são os últimos torturados, abusados e violentados nos campos de detenção; são os últimos que desafiam as ondas dum mar impiedoso; são os últimos deixados em acampamentos de acolhimento (demasiado longo, para ser chamado de temporário). Estes são apenas alguns dos últimos que Jesus nos pede para amar e levantar”, disse.

Durante a sua homilia, Francisco deixou críticas a todos os que procuram despersonalizar estas questões e sublinhou que antes de mais trata-se de vidas de pessoas. “Infelizmente, as periferias existenciais das nossas cidades estão densamente povoadas de pessoas que foram descartadas, marginalizadas, oprimidas, discriminadas, abusadas, exploradas, abandonadas, de pessoas pobres e sofredoras”.

“São pessoas; não se trata apenas de questões sociais ou migratórias! ‘Não se trata apenas de migrantes!’, no duplo sentido de que os migrantes são, antes de mais nada, pessoas humanas e que, hoje, são o símbolo de todos os descartados da sociedade globalizada.”

Por fim o Papa, que usou um báculo feito com pedaços de barcos naufragados no Mediterrâneo, agradeceu aos próprios migrantes que se encontravam dentro da Basílica pelo facto de também eles darem o exemplo no auxílio aos seus próximos.

“Trata-se de uma grande responsabilidade, da qual ninguém se pode eximir, se quiser levar a cabo a missão de salvação e libertação na qual fomos chamados a colaborar pelo próprio Senhor. Sei que muitos de vós, chegados apenas há alguns meses, já estais a ajudar irmãos e irmãs que chegaram depois. Quero agradecer-vos por este estupendo sinal de humanidade, gratidão e solidariedade.”

Na missa estavam 250 pessoas e no final o Papa saudou, um por um, todos os participantes.