O politólogo António Costa Pinto considera que António Costa não demitiu Pedro Nuno Santos, depois da polémica da solução do novo aeroporto para Lisboa, porque "não quis causar problemas no PS".
À Renascença, o especialista realça que a decisão "é inédita", tendo em conta a gravidade da polémica, e realça que o ministro das Infraestruturas e da Habitação tem um "perfil político" e que o primeiro-ministro não o quis perder.
Questionado se António Costa manteve Pedro Nuno Santos, para evitar que um dos seus possíveis sucessores provocasse destabilização ao Governo, António Costa Pinto rejeita essa hipótese.
"Historicamente, quando o PS tem uma maioria absoluta, o partido não sofre abalos fundamentais, mesmo que tenha um eventual rival. Poderia acontecer, mas na realidade teria um escasso efeito", aponta.
Na sequência da manutenção do ministro no cargo, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lembrou que o primeiro-ministro é o responsável pelas escolhas "mais felizes ou menos felizes" dos colaboradores do Governo.
O chefe de Estado português defendeu que é António Costa que deve definir quem são aqueles "em melhores condições para ter êxito nos seus objetivos".
Em reação às palavras de Marcelo, António Costa Pinto acredita que o Presidente da República quis "proteger-se" e passar a responsabilidade política para António Costa.
"E condicionou a ação do Governo, pedindo, mais uma vez, uma decisão que passe por um consenso alargado", indica.
Do lado do PSD, o politólogo refere que esta polémica tratou-se de "uma prenda" para Luís Montenegro - que toma posse este fim de semana como presidente do PSD - e que o futuro líder da oposição parte de um contexto "positivo" para as negociações sobre o novo aeroporto.