A Força Aérea dos Estados Unidos enfrenta uma grave crise devido à falta de pilotos, que poderá afectar a capacidade operacional num futuro próximo, razão pela qual o Governo decidiu adoptar medidas excepcionais.
Para responder a esta situação, o Presidente norte-americano Donald Trump assinou, em 20 de Outubro, uma ordem executiva que altera o Programa de Regresso ao Serviço Activo da Força Aérea, com o objectivo de tornar mais atractiva a reincorporação de pilotos na reserva.
Segundo a porta-voz da Força Aérea, Erika Yepsen, a medida, que dá "maior flexibilidade" e "permite aumentar as reincorporações", irá tornar essa possibilidade de regresso mais atractiva, passando o período de serviço de um para três anos.
"A verdadeira vantagem é que se elimina o limite de um ano. Esse foi o grande problema, porque basicamente um contrato de um ano não é um grande incentivo para que se mude a vida durante esse tempo", explicou Yepsen à agência de notícias espanhola EFE.
A Força Aérea dos EUA tem actualmente 18.800 pilotos para 20.300 lugares disponíveis, o que representa um défice de 1.500 destes profissionais.
Este é um problema particularmente grave para um dos ramos mais operacionais das Forças Armadas norte-americanas, e que desempenha um papel fundamental na maioria das operações militares realizadas pelo país.
Precisamente essa participação contínua em conflitos é uma das principais causas da fuga de pilotos militares que vêem as companhias aéreas comerciais como alternativas mais apetecíveis, sobretudo pelos elevados salários pagos na aviação civil.
"As Forças Aéreas não podem competir com a oferta económica das companhias comerciais. A nossa atractividade tem mais a ver com o motivo pelo qual se quer voar: queres voar para servir a nação, para proteger os Estados Unidos, para fazer coisas incríveis com pessoas incríveis e com tecnologia incrível?", explicou o capitão Ken Scholz.
De acordo com os dados do Pentágono, apenas em 2016, as companhias aéreas comerciais dos EUA contrataram um total de 4.100 pilotos e espera-se que até 2025 contratem cerca de 3.500 por ano.
A Força Aérea norte-americana forma 1.200 pilotos anualmente mas planeia aumentar esse número para 1.400 a partir de 2019.
Contudo, o capitão Scholz apontou que esse incremento na formação de pilotos militares não é suficiente para resolver o problema, já que "não é apenas uma questão de conseguir novos pilotos da maneira mais rápida possível, mas também é importante treinar pilotos que fiquem e que prossigam uma carreira".
Embora a nova ordem executiva emanada pelo presidente Donald Trump mantenha em aberto a possibilidade de uma reincorporação forçada, a Forças Aérea não contempla, para já, essa opção.
"Não há intenção de alistar pilotos na reserva obrigatoriamente, porque é importante que continuemos a ser uma força completamente voluntária", vincou Scholz, que assinalou que, em qualquer caso, o retorno dos veteranos significará apenas um alívio temporário no problema de fundo.
A estratégia da Força Aérea a longo prazo passa por três medidas-chave: incentivar os pilotos a permanecerem no activo, aumentar a formação destes profissionais e assegurar que ocupam postos de acordo com seu treino, evitando que sejam colocados em trabalho administrativo.