José Pedro Aguiar-Branco foi chumbado pelos deputados para presidente da Assembleia da República.
O deputado do PSD conseguiu apenas 89 votos a favor e precisava de pelo menos 116.
Um total de 134 parlamentares votaram em branco e houve sete nulos.
O resultado significa que uma larga maioria dos deputados do Chega não votaram a favor de Aguiar-Branco para presidente da Assembleia da República.
Os trabalhos da Assembleia da República foram interrompidas por 30 minutos. Depois poderá haver uma nova votação.
O chumbo do nome de José Pedro Aguiar-Branco para presidente da Assembleia da República é surpreendente. O líder do Chega, André Ventura, garantiu na segunda-feira que o partido ia dar luz verde a Aguiar-Branco, depois de o PSD ter garantido que ia viabilizar um vice-presidente do Chega.
Na história recente do Parlamento, Fernando Nobre, do PSD, também foi rejeitado pela maioria dos deputados para presidente da Assembleia da República. Em 2011, falhou a eleição por duas vezes: primeiro por 106 votos e depois teve menos um, mas mesmo assim ficou a 10 votos da eleição.
Em 2015, foi a vez de Fernando Negrão ter falhado a eleição para Ferro Rodrigues, mas teve 108 votos.
"PSD tem que escolher as companhias", diz Ventura
O presidente do Chega já comentou o chumbo de Aguiar-Branco. André Ventura critica os dirigentes da AD, que disseram que não precisam de um acordo com o Chega, e afirma que o PSD tem que escolher as companhias.
"Durante a manhã de hoje dirigentes da AD desmentiram a existência de um acordo com o Chega, que não precisam de um acordo e que o Chega era dispensável. Apesar disso, eu dei publicamente e em privado indicação para que esse nome fosse viabilizado", disse André Ventura aos jornalistas, no Parlamento.
"Não sei quem votou a favor e contra, não sei se os deputados do PSD votaram a favor de Aguiar-Branco, mas há uma coisa que sei: o PSD tem que escolher as companhias, se quer fazer uma coligação com o PS ou se quer governar à direita", sublinhou.
André Ventura garante que não se sente "desautorizado" pelos deputados do seu partido. "Sinto que o PSD tem que fazer escolhas e esta é a primeira prova que governar em cima do muro não funciona", atirou.
Numa primeira reação, o líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, acusa o Chega de não ser "confiável" e também deixa críticas ao Partido Socialista.
"Não é não? Então?", escreveu o deputado do Chega, Pedro dos Santos Frazão, na rede social Twitter.