O Banco de Portugal defende uma solução de banco mau “à italiana” para resolver o problema do malparado na banca nacional. O governador Carlos Costa considera que os bancos precisam de limpar os activos que pesam no balanço, e que não dão folga, para financiar a economia.
“O mecanismo tentado na Itália, chamado Atlanta, não é senão um protótipo daquilo que nós necessitamos ao nível de sistema. Os italianos, aliás, estão confrontados com um problema de sistema idêntico ao nosso, como estão confrontados os países do Sul da Europa. E estão confrontados e não se consegue resolver banco a banco, porque para tal cria-se um problema de ajuda pública ou de encontrar investidores para o efeito”, defendeu na conferência da Associação Portuguesa de Bancos, esta terça-feira, em Lisboa.
Para seguir o esquema italiano, será necessária também flexibilidade por parte de Bruxelas na aplicação das apertadas regras para a banca.
“É necessário que, tal como aconteceu em 2008 e 2009, haja um ‘waiver’ – isto é uma isenção – das políticas de ajudas públicas da União Europeia, que permita intervir neste campo sem encostar os bancos a um mecanismo extremamente perigoso, que é o da directiva de resolução”, apontou o governador.
Carlos Costa afirmou ainda que os problemas actuais da banca portuguesa também resultaram de falsas informações das instituições financeiras e de informação incompleta dada ao supervisor e aos clientes.
“Sistemas financeiros com informação viciada, são sistemas financeiros que caminham para o abismo”, sentenciou.