A sede do Banco Alimentar, em Alcântara, fervilha de atividade. A manhã ainda não terminou e já há um corrupio de carrinhas que chegam cheias de sacos e os depositam em paletes que são depois elevadas até à zona onde os alimentos são separados e metidos em caixas.
Dezenas de voluntários, com tarefas distribuídas, cumprem a sua missão. Este sábado de manhã, altura em que Marcelo Rebelo de Sousa visitou os armazéns do Banco Alimentar em Lisboa, é a juventude que domina. A vontade de estar com o Presidente e tirar uma “selfie” não atrasa o trabalho destes jovens, para quem, em muitos casos, esta é a primeira experiência de voluntariado.
É o caso de Raquel e Maria Bicho, alunas da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento da Escola Secundária Maria Amália Vaz de Carvalho, em Lisboa. Ambas estão a gostar da experiência de voluntariado, “de fazer alguma coisa para contribuir para a comunidade”, diz Raquel, enquanto Maria afirma que “é bom ajudarmos como podemos”.
São alunas de Manuela Matos, para quem o voluntariado não é uma novidade, mas a participação numa campanha do Banco Alimentar, sim. Não tem dúvidas de que esta será uma experiência enriquecedora para os 16 alunos que trouxe consigo, “para darem um pouco de si à comunidade”. Com uma aprendizagem que vá muito para além do cumprimento do curriculum da disciplina, que inclui uma ação de voluntariado.
Para Luís malato é que não é a primeira vez. Há cinco anos que participa, sempre que há campanhas do Banco Alimentar. “Estar aqui é uma realização pessoal, sinto-me bem comigo próprio e posso ajudar o próximo”.
Numa zona mais calma, por enquanto, está Vitor Martins. Há quatro meses que faz voluntariado no Banco Alimentar, noutras funções. Todos os dias há muito que fazer, “todos os dias ajudamos a pôr um prato de comida na mesa de quem mais precisa”. Vitor fez hoje a sua primeira campanha de recolha ao fim de semana. “É um dia muito importante, tinha que vir”.
Mesmo ao lado está Ana Saraiva. Está desempregada e aqui, dá um pouco do seu tempo aos que mais precisam. Como já lhe aconteceu, noutros tempos não muito longínquos. “Quando precisei, ajudaram-me. Esse tempo passou e espero não voltar a precisar. E agora retribuo, ajudo como posso”.
Banco Alimentar ajuda quase 400 mil pessoas
Na última campanha, em dezembro do ano passado, o Banco Alimentar recolheu 1.680 toneladas de alimentos que contribuíram para ajudar na alimentação de mais de 380 mil pessoas.
A presidente da Federação dos Bancos Alimentares, Isabel Jonet, sublinha que continua a registar-se um aumento dos pedidos porque, com o aumento dos preços de bens alimentares, para as instituições, as refeições também ficam mais caras.
Este fim semana cerca de 40 mil voluntários estão nas grandes superfícies de todo o país a recolher alimentos ou a recebê-los nos armazéns.
Mas quem quiser pode fazer a sua doação até dia 5 de junho, com a compra de vales nas caixas de supermercados ou on-line em https://www.alimentestaideia.pt/.
Segundo Isabel Jonet, as contribuições feitas on-line já significam 12% do total.