Com o aproximar do fim da Jornada, decidimos aventurar-nos pelos recantos inexplorados da cidade de Lisboa e passar a manhã na exposição da Madre Teresa de Calcutá, na Igreja da Graça. Vamos a pé, de autocarro, de elétrico e a pé, novamente.
Se nos tivessem avisado acerca das escadarias a pique que encontraríamos pelo caminho, talvez tivesse simplesmente ido a um lugar mais perto (e mais plano). A exposição é um verdadeiro encanto. Ficamos a conhecer, através das suas próprias palavras, aquilo que guiou a mais famosa das freiras até à congregação por si criada e a forma como a sua inspiração divina mudou o mundo.
Descemos a Mouraria com a intenção de passar pela Igreja de S. Domingos e participar na oração da comunidade de Taizé. Mas a fila interminável fez com que mudássemos a rota. Optámos por ir andando até à Colina do Encontro, uma vez que era lá que se realizaria a Via-Sacra e só faltavam quatro horas para começar.
Não sei se já experimentaram estar quatro horas ininterruptas sem sair debaixo da luz do Sol, mas eu não recomendo. O calor estava tão forte que a minha credencial e o invólucro começaram a derreter. Ao subir o parque Eduardo VII, vários foram os voluntários que nos asseguraram existirem diversos bebedouros onde poderíamos encher as nossas garrafas novamente com água.
Ora, quando dois elementos do grupo decidiram fazer isso mesmo, não só se aperceberam de que esses pontos eram bem mais escassos do que nos haviam dito, como também que, aparentemente, não era permitido voltar a entrar no setor onde estavam, porque o mesmo havia atingido a capacidade máxima.
Não me parece razoável não avisar as pessoas desta impossibilidade atempadamente. Os dois elementos que se voluntariaram para encher as garrafas de todos acabaram por passar a Via-Sacra de pé e longe do seu grupo.
No entanto, tenho de mencionar o facto de que finalmente consegui ver o Papa com os meus próprios olhos! Como se costuma dizer: "à terceira é de vez". A Via-Sacra, por si presidida, foi uma celebração verdadeiramente memorável.
Esperava uma daquelas encenações um pouco toscas às quais as paróquias mais pequenas nos vão habituando e recebi um autêntico espetáculo. A minha parte favorita inclui um segmento em que três dos bailarinos estão suspensos no cimo do palco.
Terminamos o dia na Alameda, sentados na relva enquanto comemos o jantar. Ouvimos a música de fundo e dei por mim a pensar no longo dia que tivemos. Não há dúvida de que não foi fácil (escadas, calor, etc.), mas já dizia Fernando Pessoa: "Tudo vale a pena quando a alma não é pequena". Deus sabe como me tem crescido a alma por estes dias.
*Libânia Gomes tem 20 anos e é estudante de Ciências da Comunicação. Vem à Jornada com o grupo da Pastoral La Salle de Barcelos (grupo antigo e integrado na rede de colégios de La Salle que existem por todo o mundo), do qual faz parte há nove anos. Foi desafiada a escrever um diário da sua Jornada e vai partilhar todos os dias com a Renascença a sua experiência, num relato na primeira pessoa.