O Kremlin admitiu esta semana que têm sido cometidos "erros" na mobilização militar de russos para reforçar as fileiras de soldados que estão a combater na vizinha Ucrânia.
"Há casos em que o decreto é violado", disse ontem o porta-voz do Presidente Vladimir Putin, citado pela BBC, adiantando que "todos os erros serão corrigidos".
Nalgumas regiões, adiantou Dmitry Peskov, "os governadores estão a trabalhar ativamente para retificar estes erros".
As declarações surgem face à crescente oposição popular ao recrutamento de reservistas anunciado pelo Governo russo na semana passada, e perante acusações de que homens sem qualquer experiência militar, bem como pessoas demasiado velhas e/ou portadoras de deficiência, estão a ser mobilizadas para a guerra na Ucrânia.
A "mobilização parcial" de reservistas foi anunciada a 21 de setembro por Putin, com o ministro russo da Defesa, Sergei Shoigu, a adiantar então que 300 mil homens na reserva seriam convocados para os combates.
Contudo, de acordo com meios de comunicação críticos do Kremlin, até um milhão de pessoas poderá ser abrangida pelo decreto de mobilização -- isto porque o parágrafo que referia o número concreto de pessoas a serem mobilizadas foi omitido da versão oficial do decreto publicada no site do Kremlin.
Desde o anúncio de Putin, mais de 2 mil pessoas já foram detidas em protestos por toda a Rússia contra o recrutamento forçado e a guerra, com outros tantos a tentarem fugir para outros países.
Na segunda-feira, um homem imolou-se pelo fogo numa estação de autocarros em Riazan gritando "Não quero ir para a guerra!".
Horas antes, um outro reservista matou a tiro um comandante regional num centro de recrutamento na Sibéria.
Uma série de especialistas militares no Ocidente, bem como Kiev, dizem que a convocatória de Putin é prova de que as tropas russas estão a perder terreno no campo de batalha, mais de sete meses depois da invasão da Ucrânia iniciada a 24 de fevereiro -- uma alegação que o Kremlin continua a rejeitar.