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O Presidente da República manifestou-se esta segunda-feira convicto de que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) manterá presença em todos os concelhos do país e afirmou que essa é uma preocupação do Governo. Também o primeiro-ministro lembrou que "o plano de reestruturação da CGD garante a presença da Caixa em todo o país, em todos os concelhos", mas disse que o Governo não se deve "meter na vida" do banco público.
O plano de reestruturação acordado com a Comissão Europeia prevê que a CGD feche cerca de 25% dos seus balcões abertos ao público, passando de 651 para 470 ou 490 daqui a três anos. Esta redução de balcões tem sido questionada pelos partidos que suportam o Governo e pelo CDS-PP e foi frontalmente contestada pelo PSD.
"Tenho a convicção de que se chegará a uma solução que permitirá reduzir a presença da instituição no país, mas mantê-la presente em todo o território português em termos concelhios", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, no final de uma visita a uma exposição sobre a presença judaica em Portugal, na Torre do Tombo, em Lisboa.
Questionado se tem alguma garantia de que não haverá nenhum concelho sem uma agência da CGD, o chefe de Estado respondeu: "Estou a acompanhar isso com interesse e sei que o Governo também está muito empenhado nisso".
"O que eu estou a dizer é que há essa preocupação da parte do Governo - eu já tinha falado nela, aliás, há talvez 15 dias - que é de reduzir o que é hoje uma estrutura muito ampla e muito pesada, por razões que têm a ver com o plano aprovado em Bruxelas e em Frankfurt, mas ao mesmo tempo manter uma presença nos vários concelhos, para não quebrar uma ligação que é uma ligação histórica com a população portuguesa", acrescentou.
Ao final da tarde desta segunda-feira, o coordenador da Comissão de Trabalhadores do banco público disse à agência Lusa que a CGD está a reavaliar a lista de agências a fechar.
Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que está a acompanhar o assunto e defendeu que "é importante que as pessoas, a começar nos pensionistas, que têm a sua vida muito ligada tradicionalmente à CGD, possam manter o mínimo de ligação".
Trata-se de "uma ligação que tradicionalmente existe entre a CGD e os portugueses e, sobretudo, uma camada menos jovem que está há muito tempo relacionada com a Caixa e quer continuar relacionada com a Caixa", reforçou.
Segundo o Presidente, o desejável é "que, portanto, haja uma redução daquilo que era uma estrutura muito ampla, mas mantendo o essencial no território continental e também nas regiões autónomas".
O primeiro-ministro considera que o “Estado ser accionista da Caixa não significa que o Governo se deva meter na vida do dia-a-dia da CGD”. "O plano de reestruturação da CGD garante a presença da Caixa em todo o país, em todos os concelhos. Mas o Estado ser accionista da Caixa não significa que o Governo se deva meter na vida do dia-a-dia da CGD”, disse.
“Temos uma administração que deve exercer as suas funções com independência, com autonomia - e o Governo tem toda a confiança na Caixa para assegurar a boa gestão", respondeu o primeiro-ministro aos jornalistas, à margem de uma reunião com os membros do Conselho Nacional de Ordens Profissionais.
"Nós [Governo], como accionistas, fizemos o que nos competia, que era aprovar os planos de capitalização e de reestruturação e negociar com as instituições europeias a sua viabilidade. Confiamos na Caixa para gerir no dia-a-dia a sua actividade", acentuou.
Confrontado com as dúvidas manifestadas por todas as bancadas, incluindo a do PS, em relação ao plano de reestruturação da administração da CGD, António Costa procurou desdramatizar, advogando que tal faz parte "da vida política".
"O Governo cá estará para responder a todas as perguntas. Agora, há uma coisa que o Governo não fará: não se substituirá à administração da Caixa na gestão do dia-a-dia, porque a CGD, embora sendo pública, não deixa de ser uma empresa", alegou. A CGD é pública, "mas tem uma gestão profissional", reforçou.
[Notícia actualizada às 19h50 com declarações do Presidente da República]