Este pode muito bem ser o fim de semana da primeira sardinhada do ano. A campanha começou na passada segunda-feira e já há sardinha nas bancas dos mercados.
É, por assim dizer, uma espécie de aquecimento para a época dos santos populares que se aproxima.
Pode ainda não estar no ponto, pode até nem pingar no pão, mas quem já sentia saudades pode já tirar a barriga de misérias.
Só que a sardinha está cara porque é um recurso escasso. Daí a necessidade de proibir a pesca desde outubro do ano, o que permitiu uma recuperação dos stocks. Os pescadores falam de 120 mil toneladas de sardinha disponíveis para pesca entre Caminha e o Cabo Espichel, um acréscimo de 110% face Dezembro de 2016.
Nessa altura, a disponibilidade de sardinha em Portugal era de 22 mil toneladas, cinco vezes menos do que em 2006.
O Conselho Internacional para a Exploração do Mar foi perentório: a pesca da sardinha devia estar proibida.
O governo rejeitou essa recomendação mas decidiu impor limites: assim, até 31 de Julho, os pescadores poderão capturar aproximadamente cinco mil toneladas com limites diário.
A partir de 1 de Agosto a autorização para a pesca vai depender dos pareceres científicos.
Mas a si que nos ouve o que interessa saber é se vai ou não faltar a sardinha no prato.
Não se preocupe, porque não vai faltar. Só que a tendência do consumo é mesmo para diminuir.
Nos últimos cinco anos, os portugueses consumiram menos 63% por causa das restrições à pesca e do aumento dos preços. Aliás, entre 2014 e o ano passado, o consumo nacional caiu cerca de 40%.
Em 2017, os pescadores nacionais retiraram 11 toneladas e meia de sardinha, cerca de três vezes menos do que em 2012.
E os portugueses consumiram 13 mil toneladas de sardinha. Metade foi importada, maioritariamente de Espanha.
Estas 13 mil toneladas equivalem a 36 sardinhas por dia. Ou uma sardinha e meia por hora.
Isto se considerarmos o ano todo de 1 de janeiro a 31 de dezembro. Porque se considerarmos que a altura em que os portugueses comem mais sardinha são os meses de verão, então aí estes números disparam.
O jornal Público chegou a escrever, em 2015, que no mês de Junho Portugal comem uma média de 13 sardinhas por segundo.
Parece muito, só que na verdade nunca foi tão pouco.