O Presidente de França admitiu esta segunda-feira o envio de tropas para a Ucrânia.
Numa reunião que ocorreu em Paris, convocada por Emmanuel Macron, outros países da NATO também consideraram esta possibilidade.
O Explicador Renascença esclarece se isto pode implicar os primeiros passos de um conflito mais aberto com a Rússia.
Vamos para a guerra?
Significa, pelo menos, que a Europa está a preparar-se e deve preparar-se - nas palavras de Emmanuel Macron - para que a Rússia ataque.
Na reunião de alto nível, que aconteceu esta segunda-feira no Palácio do Eliseu - e em que Portugal esteve representado por António Costa - o Presidente francês disse que é preciso garantir que a Europa está prevenida para todas as possibilidades.
Macron admitiu que a Rússia pode não querer parar pela Ucrânia e que a análise coletiva sugere que, dentro de alguns anos, Moscovo poderá mesmo lançar um ataque contra países membros da União Europeia e da NATO.
Que sinais são esses?
Macron diz que nos últimos meses, uma boa parte dos países europeus foram alvo de ataques de desinformação e mesmo ciberataques atribuídos à Rússia e que, de acordo com o Presidente francês, pretendem enfraquecer a Europa e o mundo ocidental.
Daí que Macron defenda que este tipo de reflexão das lideranças europeias deva ser continuada no tempo.
Porque o objetivo é, em primeiro lugar, evitar uma vitória da Rússia na Ucrânia que, a concretizar-se, representará um sério risco para a segurança europeia.
Estamos ainda em fase de dissuasão?
É, pelo menos, a fase em que a Europa deve preparar-se, no plano orçamental, no plano do reforço do equipamento militar, para um cenário em que, no futuro, possa ser necessário responder a um ataque.
Ou seja, não há uma mensagem enviada diretamente para o regime de Moscovo.
Contudo, Macron fala do povo russo e sublinha que a Europa não deseja entrar em guerra com o povo russo e que está determinada a manter a escalada sob controlo.
Isto significa um envolvimento direto da NATO?
A linha é demasiado ténue, quase impercetível. Porque seria legítimo interpretar este envio de militares para combater ao lado do exército ucraniano como uma intervenção direta da União Europeia mas, mais do que isso, de uma parte da Aliança Atlântica na guerra entre Rússia e Ucrânia.
E é por isso que não há consenso para o envio de tropas para o terreno, mas existe a noção de que a Rússia não pode vencer a guerra. Emmanuel Macron fala mesmo de uma ambiguidade estratégica.
Ou seja, o que ficou decidido nesta cimeira de Paris foi avançar com uma economia de guerra contra Moscovo e com um reforço do envio de recursos militares - neste caso armamento - para reforçar o apoio a Kiev na guerra.
O que diz Portugal?
António Costa insiste que as potências ocidentais devem estar preparadas para a eventualidade de um ataque por parte da Rússia e que, por isso, é necessário aumentar o esforço coletivo para apoiar a Ucrânia e defender o espaço europeu.
Como é que isto se faz? Investindo na ciberdefesa, na coprodução de armas e munições e defendendo países que podem ser diretamente ameaçados pela Rússia, em particular, a Moldova, que faz fronteira com a Roménia, que é um país da União Europeia e da NATO.
E sobre o envio de tropas?
Costa diz que, do lado português, esse cenário está fora de questão. No entanto, o seu homólogo eslovaco, Robert Fico, falou de possíveis acordos bilaterais entre países da União Europeia e NATO para o envio de militares para a Ucrânia.
Entre uma versão e outra, aquilo que Emmanuel Macron afirma, no fundo, é uma espécie de meio caminho: reforçar a cooperação europeia para fazer mais e melhor no apoio à Ucrânia, sem excluir nenhum cenário no que toca ao envio de militares.