Temos, finalmente, um debate político importante a decorrer e o tema é a política de habitação. Infelizmente, não pelas boas razões: é a crise habitacional que obriga a esse debate, mas pelo menos ficaram para segundo plano os casos e casinhos que na sua maior parte só levam a discussões que fazem esquecer os verdadeiros problemas nacionais.
Nesta nota não vou entrar nesse debate que está em curso. Pretendo apenas chamar a atenção para a causa principal que explica a situação actual.
Os economistas, por vezes, com razão ou sem ela, tentam encontrar explicações muito sofisticadas para as crises.
Neste caso, porém, não me parece que seja necessária uma grande sofisticação. Temos uma crise habitacional principalmente porque se tem construído poucas habitações. Claro que o alojamento local e o custo da habitação têm o seu papel. Mas o aspecto crucial está na fraca construção de habitações.
Evidentemente que a questão seguinte seria: e porque é que temos construído pouco? A resposta também é simples: porque não foi considerado prioritário pela política económica construir mais.
É interessante que a mesma explicação simples (alguns dirão simplória) se pode adiantar para o total da economia, para o facto do nosso crescimento económico pré–pandemia ter sido muito insatisfatório. A resposta é a mesma: porque temos investido pouco. Efectivamente o nosso stock de capital (ou seja o valor dos equipamentos que estão ao serviço da economia) é praticamente igual, hoje, a preços constantes, ao valor que existia em 2008. Como é que nestas circunstâncias poderíamos ter crescido satisfatoriamente? E porque é que investimos pouco? A esta pergunta, se a fizermos para o total da economia já não podemos ter uma resposta simples. A questão institucional sobre objectivos e instrumentos da política económica é aqui fundamental e quando é assim a explicação torna-se muito mais complexa.