O líder do Partido Socialista na Madeira anunciou esta sexta-feira que o partido está disponível para “viabilizar” a moção de censura apresentada pelo Chega ao governo de Miguel Albuquerque.
Em declarações à Antena 1 Madeira, na véspera da reunião da comissão política, Paulo Cafôfo revelou que nunca teve dúvidas sobre qual seria o sentido de voto.
“Desde que a moção de censura foi apresentada, nunca tive dúvida de qual deve ser a minha posição e apresentá-la ao partido. E, portanto, nós estaremos disponíveis para viabilizar uma moção de censura ao governo e essa será a decisão de amanhã, mas temos essa disponibilidade” disse Paulo Cafôfo.
O Partido Socialista reúne a Comissão Política Regional este sábado à tarde para tomar uma decisão sobre o sentido de voto á moção de censura apresentada pelo Chega.
Na próxima segunda-feira, a conferência dos representantes dos partidos na Assembleia Legislativa da Madeira reúne-se para agendar a discussão da moção de censura.
PS critica “incoerência” do Chega que viabilizou o governo de Albuquerque
Numa nota enviada à Renascença, na passada quarta-feira, o líder do PS Madeira criticava a “incoerência e os ziguezagues do Chega em relação à atuação do Governo Regional que o próprio viabilizou”.
No final da reunião do secretariado do PS-M, o presidente do partido lembrou que “foi o próprio CHEGA que deu luz verde a este Executivo, caucionando o regime, quando a maioria dos madeirenses já havia expressado nas urnas que não queria o PSD a continuar a governar a região, na sequência das suspeitas de corrupção que recaem sobre vários elementos, incluindo sobre o presidente do Governo, Miguel Albuquerque”, lê-se na nota enviada à Renascença.
No texto da moção, o Chega invoca as investigações que envolvem os cinco governantes e considera que as suspeitas revelam uma “teia organizada de cumplicidade” que visa “maximizar os lucros pessoais em detrimento do bem comum”.
O Chega entende que existe “uma aliança cáustica entre os corredores do poder político e o mundo empresarial”. “A única resposta possível para salvar o que resta da credibilidade das instituições da governação é a apresentação imediata de uma moção de censura”, lê-se no texto da moção de censura.
Miguel Albuquerque foi constituído arguido no final de janeiro num inquérito que investiga suspeitas de corrupção, abuso de poder e prevaricação, entre outros. Em causa estão alegados favorecimentos de empresários pelo poder público, em troca de contrapartidas.
O social-democrata, líder do Governo Regional desde 2015, venceu as eleições antecipadas de maio, e num acordo pós-eleitoral, o PSD com 19 mandatos e o CDS com 2, não conseguiram maioria absoluta e foi a abstenção de três deputados do Chega que permitiu a aprovação do Orçamento da Madeira para 2024.
Com a atual composição da Assembleia Legislativa, e com o voto a favor do PS, Miguel Albuquerque precisa da abstenção do Juntos Pelo Povo que tem 9 deputados.