PS-Madeira disponível para “viabilizar” a moção de censura ao governo de Miguel Albuquerque
08-11-2024 - 16:16
 • Manuela Pires

Paulo Cafôfo diz que nunca “teve dúvida”. O Partido Socialista reúne amanhã a comissão política regional para tomar uma decisão sobre o sentido de voto à moção de censura apresentada pelo Chega.

O líder do Partido Socialista na Madeira anunciou esta sexta-feira que o partido está disponível para “viabilizar” a moção de censura apresentada pelo Chega ao governo de Miguel Albuquerque.

Em declarações à Antena 1 Madeira, na véspera da reunião da comissão política, Paulo Cafôfo revelou que nunca teve dúvidas sobre qual seria o sentido de voto.

“Desde que a moção de censura foi apresentada, nunca tive dúvida de qual deve ser a minha posição e apresentá-la ao partido. E, portanto, nós estaremos disponíveis para viabilizar uma moção de censura ao governo e essa será a decisão de amanhã, mas temos essa disponibilidade” disse Paulo Cafôfo.

O Partido Socialista reúne a Comissão Política Regional este sábado à tarde para tomar uma decisão sobre o sentido de voto á moção de censura apresentada pelo Chega.

Na próxima segunda-feira, a conferência dos representantes dos partidos na Assembleia Legislativa da Madeira reúne-se para agendar a discussão da moção de censura.

PS critica “incoerência” do Chega que viabilizou o governo de Albuquerque

Numa nota enviada à Renascença, na passada quarta-feira, o líder do PS Madeira criticava a “incoerência e os ziguezagues do Chega em relação à atuação do Governo Regional que o próprio viabilizou”.

No final da reunião do secretariado do PS-M, o presidente do partido lembrou que “foi o próprio CHEGA que deu luz verde a este Executivo, caucionando o regime, quando a maioria dos madeirenses já havia expressado nas urnas que não queria o PSD a continuar a governar a região, na sequência das suspeitas de corrupção que recaem sobre vários elementos, incluindo sobre o presidente do Governo, Miguel Albuquerque”, lê-se na nota enviada à Renascença.

No texto da moção, o Chega invoca as investigações que envolvem os cinco governantes e considera que as suspeitas revelam uma “teia organizada de cumplicidade” que visa “maximizar os lucros pessoais em detrimento do bem comum”.

O Chega entende que existe “uma aliança cáustica entre os corredores do poder político e o mundo empresarial”. “A única resposta possível para salvar o que resta da credibilidade das instituições da governação é a apresentação imediata de uma moção de censura”, lê-se no texto da moção de censura.

Miguel Albuquerque foi constituído arguido no final de janeiro num inquérito que investiga suspeitas de corrupção, abuso de poder e prevaricação, entre outros. Em causa estão alegados favorecimentos de empresários pelo poder público, em troca de contrapartidas.

O social-democrata, líder do Governo Regional desde 2015, venceu as eleições antecipadas de maio, e num acordo pós-eleitoral, o PSD com 19 mandatos e o CDS com 2, não conseguiram maioria absoluta e foi a abstenção de três deputados do Chega que permitiu a aprovação do Orçamento da Madeira para 2024.

Com a atual composição da Assembleia Legislativa, e com o voto a favor do PS, Miguel Albuquerque precisa da abstenção do Juntos Pelo Povo que tem 9 deputados.